A flora intestinal ao longo dos séculos
Um grande grupo de cientistas (dos EUA, México, Canadá, Itália, Dinamarca e Alemanha) analisou amostras de fezes de mais de mil anos de idade
Eles conseguiram mapear microorganismos do passado, mostrando como nossa flora intestinal mudou ao longo do tempo
O resultado, publicado em 2021 na revista Nature, mostra que a flora intestinal (ou microbiota) registrada nas paleofezes é mais similar à das populações não industrializadas
Nos cocôs antigos, há uma grande quantidade de enzimas que digerem a quitina, carboidrato usado no exoesqueleto de insetos e presente em cogumelos e outros fungos
O achado é indício de como era a dieta das pessoas no passado. Também foi mais fácil encontrar enzimas capazes de digerir amido
Isso indica que provavelmente havia uma maior ingestão de carboidratos complexos (como grãos integrais e certos tubérculos)
O mesmo raciocínio vale para genes de resistência a antibióticos nos micróbios
Em populações industrializadas eles são muito mais presentes, denunciando o abuso no uso desses medicamentos, tanto em humanos quanto para a produção de carne
O estudo indica que, se a teoria do desaparecimento do microbioma humano estiver correta, comer bem e fazer exercícios não é suficiente para reduzir a carga de doenças crônicas
Se for o caso, precisaríamos de alguma forma semear novamente o microbioma humano moderno com as espécies que perdemos
Aleksandar Kostic, autor sênior do estudo e professor da Universidade Harvard
Já existem terapias com base nesses conhecimentos. A infecção resistente pela bactéria Clostridium difficile pode ser tratada com transplante de fezes, e com alta taxa de sucesso
Mas a ideia de alterar o microbioma ao estado "original", que vem sendo defendida por muitos cientistas, pode ser uma tarefa um tanto inglória
Não há referência do que é uma microbiota saudável para o brasileiro, e nem um exame que diz que a quantidade de certa bactéria está baixa
Emmanuel Dias-Neto, pesquisador do A.C.Camargo Cancer Center
De todo modo, já é possível fazer algo a respeito da saúde da sua microbiota: a dieta é um dos fatores que mais influenciam essa composição
O consumo de fibras, frutas e carboidratos complexos está associado ao menor risco de câncer de cólon, por exemplo; já o consumo excessivo de carne nos leva na direção oposta
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TEXTOS
Gabriel Alves
IMAGENS
Shalitha Dissanayaka, Alex G, Ian Chen, Halacious, Sincerely Media/Unsplash
Kateryna Kon/Shutterstock
Nature/Reprodução
PRODUÇÃO DE WEB STORIES
Ian Alves
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