De um lado, o uso excessivo de agrotóxicos e seus efeitos deletérios para a saúde e para o ambiente
De outro, prejuízos de uma alimentação repleta dos chamados alimentos ultraprocessados
E quando esses dois problemas se aglutinam num só? Esse foi o tema de uma análise do Idec, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
A pesquisa mostra que há agrotóxicos em boa parte dos ultraprocessados mais vendidos no Brasil —salgadinhos, cereais, biscoitos, entre outros
O uso de agrotóxicos é comum em culturas de soja, milho e trigo, e a Anvisa estabelece quantidades máximas para esses alimentos
As normas em vigor, porém, não contemplam alimentos industrializados
Entre as 15 amostras de salgadinhos, biscoitos e bisnaguinhas, 14 continham resíduo de algum agrotóxico
Já nos 9 exemplos de refrigerantes, néctares e bebidas de soja, só um tinha traços de agrotóxicos
Os ultraprocessados são alimentos que sofrem intensas modificações industriais, e as consequências de seu consumo são conhecidas
Entre elas, estão o aumento do risco de aparecimento de doenças cardiovasculares, propensão ao ganho de peso e maior mortalidade
No caso de agrotóxicos, estudos apontam relativa segurança com relação à exposição aguda. Muitos são tão seguros quanto sal de cozinha
Ainda assim, existem casos de intoxicação, sobretudo em quem habita a região onde há esses cultivos e quando aplicadores não fazem uso de equipamento de proteção
Além disso, o efeito cumulativo do consumo de agrotóxicos pode gerar consequências na saúdo a longo prazo
O grande mérito da pesquisa do Idec é o de desfazer uma espécie de mito ou mal-entendido de que alimentos ultraprocessados estariam livres de agrotóxicos
Josefa Garzillo, pesquisadora do Nupens-USP
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