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As coisas não são o que elas parecem ser

MUNIQUE - Parreira, que eu saiba, não falou o motivo. Depois do segundo gol, não precisou dizer. Mas eu ainda tenho com os meus botões de futebol que ele colocou Fred para reforçar a bateria antiaérea brasileira contra os cangurus australianos. Fred não precisava marcar um gol. Precisava marcar Aloisi nas faltas e escanteios. Subir na bola parada e ajudar Gilberto Silva, que bem substituiu Emerson na complicada tarefa. Mesmo centroavante, ele entrou para ser zagueiro. E fez gol de centroavante.
Para isso serve um banco de reservas. Não só para ganhar um jogo. Para evitar perdê-lo. Mesmo que colocando um centroavante para zagueirar.

Participo vez ou outra de uma mesa redonda da Fox Sports argentina. Jornalistas, ex-jogadores, treinadores e árbitros fazem o mesmo que a gente por aqui, e por aí. Eles sempre querem saber como a imprensa e a torcida no Brasil reagem ao futebol da seleção. Passo o que sinto e o que escuto. E o que ouço dos argentinos é que eles não se deixaram levar pela melhor partida que vi deles em uma Copa do Mundo. Eles continuam com os pés no chão. Sabem que a Copa é looooonga, mesmo que curta. Sabem quanto sofreram desde 1986 em Mundiais. Talvez só não saibam que nós, brasileiros, amamos dizer que eles são os metidos e presunçosos. Até tentei, no meu "luxembuñol", explicar a imagem que temos deles. Não consegui. Mas gostaria que pelo menos isso nós, brasileiros, estivéssemos aprendendo.
Por mais que seja ótimo para o Brasil que a bola da vez esteja com os argentinos, precisamos baixar a nossa fora de campo. E inflá-la no gramado.


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