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Celeiro de craques

O Brasil atrai a simpatia de todo mundo.
O americano Norton gostava de passear em nossa terra.
- O fultchibóal. Aish mulááts. Maravílwia.
Ele tinha ouvido dizer que São Paulo é um celeiro de craques.
- Querwo vêir o pôuv jugándo fultchibáol na calçáád.
Norton se perdeu pelas ruas do centrão.
- Maish óndy estáun uish cráááquish?
Indicaram para Norton uma região barra-pesada da cidade.
Garotos na rua conviviam com ratos e sacos de lixo. Era a Cracolândia.
- Uéy... náum téyn ninguéy jugáánd bóula.
De repente, uma correria. Garotos fugiam com velocidade espantosa.
- Ishtáum trweynando... fazêindu aquesméynto?
Não era aquecimento. Mas o tempo estava quente mesmo. Uma rajada de metralhadora atingiu as pernas do traficante Quilinho.
As pedras de crack que ele segurava rolaram pelo chão. No hotel, Norton assiste aos jogos da Copa. Curtindo o barato da droga.
Quando o futebol não rola, as bolas têm gosto de pedra.
 voltaire.souza@bol.com.br


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