EM CIMA DA BOLA

É campeão... É campeão

Sempre que me deparo com um acontecimento que exija previsibilidade, lembro-me do colega especializado que escreveu: "Ayrton Senna escreverá hoje mais uma página na história da conquista de mais um título na Fórmula 1". Era Ímola, 1994. Convenhamos: foi muito diferente, mas só um desastre impedirá que o São Paulo conquiste hoje o quarto Brasileirão de sua história. Profecia é sempre um perigo mormente para quem não é do ramo e está vaticinando em sua terra. Até porque, já o disseram, somos os cronistas do passado. Não vejo nenhuma ousadia ou pretensão de píton ao afirmar que o São Paulo coroará esta tarde uma campanha brilhante em que liderou durante quase todo o certame sem permitir a aproximação dos concorrentes diretos. Faz algum tempo que Inter e Grêmio abandonaram a pretensão. O Santos também ficou pelo caminho. Com tudo isso, o campeonato não terminará hoje. Fruto dos ingredientes que lhe edulcoram o sabor, a luta por outras conquistas, e até para fugir ao castigo, manterão o certame vivo até o último suspiro. Para o São Paulo de hoje não passa. Não valem comparações do tipo Brasil x Uruguai em 1950. Ali estavam duas equipes de alto nível, melhor o Brasil, verdade, mas o adversário também lutando para ser campeão. Ao que aspira hoje o Atlético, além da honra da disputa? Vai ser mais difícil evitar a invasão de campo na euforia da conquista do que a simples vitória.