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Samba de breque


Crimes. Insegurança. Violência. O turismo, nessas condições, fica muito prejudicado.
O americano Norton não se incomodava.
- Brazíííll... eu adór.
Ele estava no Rio de Janeiro. Preparando-se para um momento especial.
- Vou dishfiláhr num blóóc... chuntínio do pôuv.
Pela quantia de 500 reais, ele recebeu uma camiseta e um tamborim.
No meio da rua, ele tentava acertar o ritmo da bateria.
- One, two, three... one.
No cordão, os foliões iam perdendo a paciência.
- Norton... tem de dar uma paradinha aqui... é um, dois... parou. Um, dois...
- Ah, ishtá céirtu. Agór iu intchindyy...
Com expressão concentrada, Norton prestava atenção na batucada.
Em poucos instantes, ele perdeu o ritmo de novo.
- Ishtránio... o quiyé quiu surdul ishtá fazéénd?
Não era o surdo. Nem o reco-reco. Era a metralhadora do traficante Teleco.
Acertando umas contas com a polícia local. Veio a bala perdida.
Na barriga de Norton. Cujo tamborim fez uma paradinha. No tempo certo.
O crime é como os americanos: desconhece o samba de breque.
 voltaire.souza@bol.com.br


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