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BRASILEIRA SOFREDORA

PARA VIVER COM R$ 240 POR MÊS, DONA COTA FAZ SEU PRÓPRIO SABÃO E TEM A SUA HORTA. PAGAR CONTAS É A MAIOR DIFICULDADE

Sobreviver com o mínimo é a maior tarefa da aposentada Maria Pinheiro do Amaral, 80 anos, moradora do Jardim Comercial, região do Capão Redondo (zona sul da capital).
Dona Cota, como é chamada na vizinhança, ganhou o apelido do pai, na cidade de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Durante 40 anos, ela trabalhou como lavradora em uma fazenda, casou-se e teve doze filhos. O marido morreu em 1969 de um ataque cardíaco, quando estava na lavoura.
Em 1976, ela deixou a fazenda e veio para São Paulo. Aqui, ela arrumava a casa e fazia a marmita para os filhos. "Naquela época, o bairro não tinha nem luz elétrica", disse.
Com os filhos criados, dona Cota mora hoje numa casa humilde junto com a filha Ivanilda, 60 anos. As duas sobrevivem com um salário mínimo. São os R$ 240 que dona Cota recebe de aposentadoria por invalidez desde 1984.
Em abril, ela recebeu no dia 8. No mesmo dia, já havia gasto R$ 153,75- o que corresponde a 64% da renda- com o dízimo da igreja, o botijão de gás e a prestação da estante, que ela comprou em dezembro. "É um presente para a minha filha", disse.
Com os R$ 86,25, ela comprou alimentos. Mas o dinheiro acabou no dia 24, quando gastou os últimos R$ 2 com um remédio. Se não fosse a ajuda de R$ 20 do filho, não haveria carne em casa.
Para economizar, dona Cota faz o próprio sabão, com soda cáustica, ervas e banha, e cultiva uma horta em casa. Mesmo assim, ela tem dificuldades para manter as contas em dia -neste mês, a conta de água não foi paga. Cota mora em um terreno irregular e aguarda a escritura prometida pela prefeitura. (Juca Guimarães)



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