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SEM-TETO

Prefeitura retira casinhas, mas deixa "morador' sem assistência

CRIANÇAS QUE VIVIAM NAS MORADIAS AFIRMAM NÃO TER RECEBIDO AJUDA DA ADMINISTRAÇÃO

A Prefeitura de São Paulo retirou ontem casas parecidas com as de bonecas que abrigavam crianças de rua, perto do shopping Tatuapé (zona leste), mas deixou seus antigos moradores sem assistência. As moradias foram instaladas pela Associação Casa da Criança de Nossa Senhora Aparecida.
Segundo o próprio secretário municipal da Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, a Subprefeitura da Mooca tirou as duas casinhas perto do shopping na hora do almoço e só depois as assistentes sociais chegaram.
Até as 18h de ontem, as crianças que viviam nas casinhas diziam ainda não ter recebido nenhum tipo de atendimento por funcionários da prefeitura.
Outra casa, na região de Aricanduva, também foi retirada ontem. Nela, viviam outras duas crianças. Segundo Pesaro, elas foram abordadas por assistentes sociais e encaminhadas para abrigos provisórios.
Durante a tarde, as crianças que estavam na área do Tatuapé foram para a associação que cedeu as moradias e que atende crianças durante o dia, numa creche. "Está uma confusão porque a prefeitura retirou as casinhas. Vou ter de procurar outro lugar para elas", diz a presidente da entidade, Lusia Lopes da Silva.
"A ação da prefeitura foi emblemática: eles retiraram as casas sem se importar com as pessoas. Não respeitaram o sentimento de proteção que as casinhas representavam para as crianças", diz o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Menor. Segundo ele, o fato demonstra a falta de planejamento e coordenação da prefeitura.
Segundo os garotos I., 12, e L., 13, por volta das 10h de ontem "muitos homens da prefeitura" chegaram ao local onde estavam as duas casinhas perto do shopping.
"Um homem chegou lá e disse que ia levar a nossa casinha. A gente correu para dentro dela e pediu para levarem a gente junto com a casinha. Mas o tio mandou a gente sair", diz um deles.
"A casinha era boa, tinha colchão e cobertor, cabia até três pessoas apertado", afirma I. (FSP)

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