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Torcedor brasileiro preso na Bolívia é transferido para cadeia

Agência Folha 18/06/97 19h38
De Campo Grande

A funcionária pública Laura Spalatti, 52, mãe do estudante brasileiro Giovano Rocha Spallati, 20, preso durante uma briga em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, disse que ele foi transferido quarta-feira pela manhã da delegacia onde estava para uma cadeia.

A briga aconteceu após o jogo Brasil e México, na última segunda-feira pela Copa América. O Brasil venceu o México por 3 a 2.

''Ele está numa cela com 25 presos comuns'', disse a mãe, que embarcou quarta à tarde no aeroporto de Várzea Grande (MT), em um vôo para Santa Cruz de la Sierra.

Laura disse que seu filho apresenta ferimentos e está com dificuldade para falar. ''Não sei se ele apanhou antes ou depois de ser preso''. Segundo ela, Spallati foi ''atacado'' por quatro torcedores bolivianos e reagiu.

As cenas do estudante espancando o carpinteiro Felipe Alagarasaz Romero, no estádio Aguilera, foram feitas pelo canal de TV Megavídeo e criaram uma nova onda de hostilidade contra brasileiros na Bolívia.

Romero está internado em um hospital com ferimentos na cabeça e dificuldades de mover as pernas.

''Eles só filmaram a última parte da briga'', disse a mãe, que é servidora da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá (MT), e só conseguiu viajar com a ajuda financeira da instituição.

Laura disse que sua filha, que também estuda em Santa Cruz no curso de Medicina há dois anos, e uma colega foram agredidas com golpes de cassetete na cabeça quando tentavam se aproximar de Spallati, no momento em que ele era algemado pelos policiais no estádio.

Giovano Spalatti cursa o primeiro semestre de Jornalismo na universidade particular ''Renê Monteiro'', em Santa Cruz.

O comerciante Mauro Nunes de Moraes, 46, pai do estudante universitário Mauro Salas de Moraes, 19, disse quarta que seu filho continua recebendo ''insultos e xingamentos'' quando é reconhecido na rua.

Mauro Moraes foi preso em Santa Cruz de La Sierra acusado de espancar o engraxate Ramiro Vidal, 16, no último dia 19 de maio. Ele foi solto da cadeia da Polícia Técnica Judicial, no último dia 12.

O comerciante está tentando transferir o filho para uma universidade em Cochabamba. Para Nunes, a imprensa na Bolívia ''é muito forte e intimida as autoridades''.

Segundo ele, quando a polícia toma uma decisão ''que vai contra a imprensa, os jornalistas insinuam que os policiais estão levando dinheiro''.


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