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Covas disse que não pode resolver greve das universidades

GIULIANA ROVAI 03/05/2000 22h00
repórter da Folha Online

O governador Mário Covas disse, em entrevista coletiva, que não pode resolver o problema da greve nas universidades estaduais paulistas. Sobre a possibilidade de aumentar o repasse destinado as universidades que hoje é de 9,57%, Covas disse: "pode virar 20%, mas de quem eu tiro? Da saúde? Ou tiro dos policiais?. O orçamento é exatamente a tentativa de distribuir o dinheiro disponível da melhor forma possível".

As universidades do Estado de São Paulo têm autonomia para gerenciar os recursos que são repassados pelo Estado. Juntas, USP, Unicamp e Unesp, recebem 9,57% do ICMS arrecadado pelo Estado de São Paulo.

Cabe ao Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Paulistas) negociar as reivindiações com os sindicatos dos professores e funcionários.

O vice-reitor da Unesp, Luís de Toledo Ramalho, disse que a continuidade da greve das universidades públicas (USP, Unesp e Unicamp) preocupa os reitores das três instituições. Nesta quinta-feira (04), a greve vai completar nove dias.

Para Ramalho, "em um primeiro momento, os alunos participam da greve, mas com o passar dos dias a manutenção da greve prejudica não só os alunos como também interfere nos serviços prestados pelas universidades à sociedade."

Já para o presidente da Adusp (Sindicato dos Docentes da USP), Fernando Miraglia, a greve não é uma "perda". "Se não tivéssemos feito greves até hoje, isso aqui já teria ido para o buraco", disse Miraglia, referindo-se às greves de 1979, 1983, 1988 e 1994.

De acordo com Ramalho, as negociações entre o Cruesp vão depender da "boa vontade" dos sindicatos em dialogar. Ramalho também disse que o dissídio da categoria, que normalmente vence em maio, já foi adiantado pelas universidades em abril.

Na próxima sexta-feira (05), professores e funcionários vão receber um aumento de 7%. Na folha de pagamento de abril, todos receberam uma bonificação de 28%.

Representantes dos sindicatos e professores estiveram reunidos na última quinta (27/4) com o Cruesp, mas nada foi decidido. O Fórum das Seis (organização que reúne representantes das três universidades) pediu uma nova reunião para esta sexta (05), mas ainda não foi confirmada.

Segundo o Cruesp, o aumento de 25% pedido pela categoria não pode ser atendido porque baseia-se na arrecadação do ICMS dos três primeiros meses deste ano. Apesar da arrecadação do ICMS ter sido superior as previsões de dezembro de 1999, não significa que nos próximos nove meses do ano haverá crescimento.

Ramalho afirmou que 88,5% do orçamento da Unesp, que é de R$ 470 milhões, já está comprometido com a folha de pagamento. "Se fôssemos atender ao pedido de 25% de reajuste, nosso orçamento ficaria 96,9% comprometido". Na USP, salários de professores e funcionários representam 88% do orçamento.

O presidente do Adusp não concorda que 88% do orçamento da USP esteja comprometido com a folha de pagamento. "Esta informação é falaciosa", diz Miraglia.

Para ele, o Cruesp trabalha com as estimativas de dezembro de 1999 e, na verdade, apenas 68% do orçamento será destinado ao pagamento de professores e funcionários.

De acordo com Miraglia, o restante do dinheiro é utilizado para "projetos pessoais da reitoria".

Ele também afirmou que “se não houver salário descente, a qualidade do trabalho será comprometida.”

De acordo com Miraglia, a USP perdeu cerca de 20% dos 5.000 docentes da instituição para universidades ou empresas privadas.

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