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Caio Fábio nega envolvimento em caso MetroRED

Da Folha de S.Paulo 14/04/2000 09h32

Fernando Rodrigues

O reverendo presbiteriano Caio Fábio d'Araújo Filho divulgou ontem nota negando estar envolvido no suposto caso de propina paga pela MetroRED _empresa que explora comunicação por fibra óptica no país_ a integrantes da Prefeitura de São Paulo.

Além disso, Caio Fábio sugeriu que as acusações recentes contra ele seriam uma tentativa de "esvaziar a investigação" sobre o dossiê Caribe "pela desqualificação de todas as pessoas que, de boa-fé ou de má-fé, tenham tido alguma espécie de intervenção" no caso.

A afirmação de que Caio Fábio teria participado do esquema de propinas envolvendo a MetroRED e a Prefeitura de São Paulo foi feita por Jamil Degan, um brasileiro naturalizado norte-americano que participou da tentativa de venda do dossiê Caribe.

O dossiê é um conjunto de papéis fotocopiados, sem autenticação, que sugerem a existência de contas bancárias e de uma associação entre políticos tucanos no exterior. Surgiu na mídia em 98 e sua procedência nunca foi esclarecida totalmente.

Na nota divulgada ontem, Caio Fábio critica a edição da reportagem da TV Globo que trouxe anteontem a acusação de Jamil Degan. "Talvez instado por uma pergunta omitida quando da edição matéria, (Jamil) passou a enfocar a minha pessoa, afirmando que José Maria (Teixeira Ferraz, brasileiro preso em Miami) lhe teria dito que eu houvera recebido cerca de US$ 1 milhão por ter-lhe encaminhado muitas operações."

Essas "operações" seriam com os governos estaduais ou federal. Caio Fábio nega: "É público que eu não disponho de relacionamento com os setores políticos que ocupam a Prefeitura de São Paulo.

Não conheço o sr. Paulo Maluf, não conheço o sr. Celso Pitta, não conheço nenhum secretário municipal de São Paulo".

Ao receber a nota, a Folha telefonou para Caio Fábio. Perguntou se ele tinha interesse em falar sobre o caso do dossiê Caribe, uma vez que afirmava não ter relação com o suposto caso de propina da MetroRED.

O reverendo, que está licenciado de suas funções na Igreja Presbiteriana do Brasil, disse que preferia não falar. Afirmou que o inquérito em curso em Nova York esclarecerá o dossiê Caribe.

Caio Fábio, entretanto, disse que a entrevista de Jamil Degan na TV esclareceu para ele uma dúvida existente desde o início do caso do dossiê Caribe. Jamil é a mesma pessoa que Caio Fábio chamava apenas de "inglês".

O "inglês" recebeu Caio Fábio para um encontro no hotel Hyatt, na cidade de Fort Lauderdale (Estado da Flórida, EUA), numa data entre 5 e 10 de setembro de 98.

Nesse encontro, o "inglês", que agora Caio Fábio diz saber ser Jamil Degan, ofereceu o dossiê Caribe por US$ 1,5 milhão. Mas o negócio nunca foi realizado. O comprador eventual seria Leonel Brizola. O interlocutor de Brizola foi o advogado Nilo Batista, que desaconselhou o negócio.

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