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Partidos disputam cargos no segundo escalão do governo
 

AJB 25/12/98 19h07
De Brasília

A declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso de que irá alterar as diretorias das principais estatais e autarquias já abriu uma disputa entre as legendas aliadas para que estes cargos também entrem no rateio partidário.

"No preenchimento destes cargos, o presidente pode conciliar a competência profissional do indicado com a filiação política. Isto seria ótimo para a democracia", disse o presidente do PMDB, senador Jáder Barbalho (PA).

O presidente do PSDB, senador Teotônio Vilella Filho (AL), não só espera o aproveitamento de quadros do partido no segundo escalão do governo como também acredita que Fernando Henrique poderá, a médio prazo, abrir novas vagas no ministério. "O ministério do Desenvolvimento Urbano não saiu agora, mas talvez mais adiante possa ser criado. É uma idéia que conta com o apoio total do PSDB", afirmou.

Fora do primeiro escalão, Teotônio disse esperar que o governador mineiro Eduardo Azeredo, em fim de mandato, consiga um posto no governo. O líder do PSDB na Câmara, deputado Aécio Neves (MG), está trabalhando para que Azeredo assuma a presidência da Petrobrás. "Nós gostaríamos muito de vê-lo contribuindo com o governo", disse Teotônio.

A presidência da Petrobrás também é cobiçada pelo PMDB, e um dos candidatos ao cargo é o deputado Moreira Franco (RJ), que perdeu a disputa para o Senado no Rio e ficará sem mandato a partir de fevereiro.

O partido ainda quer manter o DNER nas mãos de Maurício Hasenclever, da seção mineira do PMDB. O PFL , por sua vez, está pleiteando a presidência da Caixa Econômica Federal, como uma maneira de compensar a seção pernambucana do partido, que não ficou representada no primeiro escalão.

Há dois nomes ligados ao vice-presidente Marco Maciel que estão sendo citados para o cargo: Emílio Carrazai e Aloísio Sotero. A presidência da Caixa também é pretendida pelo PSDB.

O nome cotado é um híbrido de técnico e político: o atual secretário-executivo do ministério da Saúde, Barjas Negri. O PSDB também almeja a presidência do Banco do Brasil, para a qual o candidato mais forte é o atual presidente do Banco do Nordeste, Byron Queiroz, ligado ao governador cearense Tasso Jereissati.

O braço operacional do novo Ministério do Desenvolvimento, o BNDES, também é alvo de disputa. Os nomes mais fortes para a presidência do banco são a diretora da CSN, Maria Silvia Bastos Marques, e o ex-secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Andrea Calabi.

Devido a atritos com o ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, o presidente do Incra, Milton Seligman, deverá deixar o cargo. Seligman está sendo citado como o provável substituto de Ana Peliano na secretaria-executiva da Comunidade Solidária. O coordenador do programa de governo, o professor Carlos Pacheco, poderá assumir a presidência do IBGE ou do IPEA.

O PTB também espera ser contemplado com cargos no segundo escalão. O partido não se considera contemplado com o ministro Paulo Paiva, que irá do Ministério do Planejamento para a esvaziada pasta de Orçamento e Gestão. Paiva não tem maiores ligações com a bancada e chegou ao governo por indicação do ex-governador Hélio Garcia, que está em baixa desde que abandonou sua candidatura ao Senado.

Em seu primeiro mandato, Fernando Henrique resistiu ao máximo em entregar as áreas operacionais da administração nas mãos dos aliados. O presidente do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes, é um funcionário de carreira, ex-presidente do Banco Central e sem vinculação partidária. O presidente da Caixa Econômica Federal, Sérgio Cutolo, está no cargo por indicação do governador gaúcho Antônio Britto, mas toda a sua equipe foi indicada pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan.

Nenhum ministro teve poder para dispor livremente dos cargos de sua pasta. Durante todo o governo, Fernando Henrique evitou fazer a chamada "verticalização do ministério" permitindo que os partidos detivessem todas as indicações em suas pastas.

Desta forma, tanto o atual ministro da Justiça Renan Calheiros como o anterior, Íris Rezende, ambos peemedebistas, tiveram que aceitar a presença do tucano José Gregori na secretaria de Direitos Humanos. Da mesma maneira, o ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, da cota do PFL baiano, conviveu com Joel Rennó na presidência da Petrobrás.

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