03/02/2008
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10h38
Ex-chacrete cria cursos de beleza ligados a escolas de samba de SP
DIOGO BERCITO
Colaboração para a Folha de S.Paulo
Na ONG Cosmética Beleza & Cidadania, tesouras, pinças, esmaltes e secadores de cabelo deixam de ser ferramentas de estética e passam a ser instrumentos para o resgate da cidadania das mulheres que vivem próximas a grandes escolas de samba da capital paulista.
O projeto começou em 2003, idealizado por Edilara Pacheco, 53 -também conhecida como Lara Dee, nome que adotou na época em que era chacrete.
O objetivo é desenvolver profissionalmente mulheres que queiram trabalhar em salões de beleza ou abrir um negócio.
As mulheres que conseguem uma das disputadas vagas nas cinco escolas de samba onde a ONG atua participam de um curso que dura três meses.
"Prometi a mim mesma que no dia em que eu conseguisse me resgatar eu passaria a ajudar outras pessoas", conta.
Além de gerar emprego e renda na área da estética, o projeto de Dee procura agir na auto-estima das mulheres. "Foi um rojão que levou a minha vida para cima", constata a ex-aluna Sônia da Silva, 35.
Silva conta que estava em depressão quando sua cunhada insistiu que fizesse um dos cursos da Cosmética.
Em fevereiro de 2007, aprendeu a maquiar e a fazer tranças. Em seguida, foi aluna do curso de cabeleireira e manicure.
"O que mais gosto no projeto é ver uma pessoa entrando sem esperanças e, por meio de um curso de beleza, ter a sua vida transformada", conta Silva. "Também me encanto com pequenas transformações -como a da criança que chega triste ao salão e vai embora sorrindo porque alguém fez tranças no cabelo dela", acrescenta.
Para Lara Dee, as pessoas que procuram a sua ONG apenas precisam ganhar uma chance. "Tive muitas oportunidades na vida e aproveitei a maioria delas. Agora trabalho dando alternativas a essas mulheres."