29/03/2009
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10h52
Renda menor adia saída do mercado
Colaboração para a Folha de S.Paulo
Para muitos, o pedido de aposentadoria não afasta profissionais idosos do mercado. A perda de benefícios e a queda na remuneração os fazem trilhar o caminho de volta na tentativa de manter o padrão de vida.
"Há 6,9 milhões de aposentados trabalhando atualmente", afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Batista Inocentini. Grande parte, diz ele, regressa à ativa para complementar a renda pessoal ou familiar.
Sem PLR (participação nos lucros e resultados) e vale-alimentação, a aposentada Ana Cristina Wayand, 50, viu-se forçada a integrar esse universo. "Se soubesse que haveria tanta redução, teria adiado [o afastamento]", desabafa ela, que, aposentada há dois anos, calcula uma perda de mais de 30% nos rendimentos.
Após 30 anos no setor bancário, ela passou a investir em festas infantis, artesanato e cestas de café da manhã. "Não descarto a ideia de mandar meu currículo para as empresas", diz.
Carteira assinada
Pedir aposentadoria e continuar com a carteira assinada não são situações excludentes.
O mestre de seção Ivo Bispo Pereira, 59, e a auxiliar financeira Maria Aparecida Grilo, 50, são prova disso.
Ele se aposentou em 1994, foi demitido em um corte quatro anos depois, prestou serviço para a empresa, foi terceirizado e, em 2006, recontratado.
"A aposentadoria não é alta", diz, ressaltando que o prazer pelo trabalho é o fator com mais peso em sua decisão de permanecer na ativa.
Ela fez o pedido do benefício em dezembro do ano passado. O aval veio no último dia 20.
"Financeiramente, preciso continuar trabalhando", desabafa Grilo, que não conta com previdência privada nem com complementação de renda.
Porém, a situação não está favorável mesmo para quem se planejou com previdência privada e foi desligado, diz a consultora de previdência da Mercer Carolina Wanderley.
De acordo com ela, a rentabilidade das cotas, em 2008, caiu demais em relação ao ano anterior -a variação depende de como é composta a carteira.
Por isso a consultora aconselha a não fazer retiradas mínimas "até a perda ser reposta".