07/03/2010
-
11h22
Exame oral requer autocontrole
MARIA CAROLINA NOMURA
colaboração para a Folha de S.Paulo
O temido exame oral é a última etapa do concurso para algumas carreiras públicas --geralmente para as jurídicas, como procuradoria, magistratura, Ministério Público, Polícia Civil e defensoria pública.
O intuito desse teste é analisar --mais do que o conteúdo teórico-- a atitude e a expressão dos candidatos.
Nessa hora, até quem domina as matérias pode por tudo a perder por falta de equilíbrio emocional, avalia Luiz Flávio Gomes, diretor-presidente da Rede de Ensino LFG (cursos preparatórios para concursos).
"O candidato emocionalmente preparado dá abertura para diálogo com a banca. Começa respondendo o que sabe e depois vai fazendo conexões com outros temas", afirma.
Para manter a calma, assistir a provas do concurso --abertas ao público-- e conhecer os examinadores são maneiras de se aclimatar, sugere o desembargador Carlos Paulo Travain, presidente da Banca do Concurso da Magistratura.
Foi o que fez a procuradora do Estado de São Paulo Júlia Plenamente Silva, 30, professora de direito da pós-graduação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
"Assisti aos exames orais da magistratura e do Ministério Público. Vi que cada examinador tem o seu estilo. Mas, na hora, fiquei bem nervosa."
Algumas pessoas chegam a fazer um trabalho de "coaching". A psicóloga e consultora da Bem Estar Desenvolvimento Humano, Daniela Zanuncini, diz que trabalha postura corporal, comportamento e autocontrole dos candidatos.
A juíza Claudia Felix de Lima, 30, da vara do Juizado Especial de Cotia (SP), por exemplo, fez preparação para a etapa. "Eles falam mais em como se tranquilizar, que expressões evitar e utilizar. Achei válido."
Fazer um curso de oratória também é indicado, na opinião do juiz federal William Douglas, coautor do livro "Como Falar Bem em Público" (ed. Ediouro, 192 págs.). "Treinar com amigos e familiares ajuda."
Técnicas
Mas, se na hora da prova, as pernas tremerem, respirar profundamente auxilia, conta Maria Aparecida Araújo, consultora de comportamento e de etiqueta. "Pense antes de responder. A banca tem paciência. Caso sinta que não se expressou bem, não hesite em dizer que gostaria de formular uma resposta melhor", aconselha.