Eleição ficou complicada para Marta

A eleição paulistana ficou bem mais complicada para a candidata do PT, a ex-prefeita Marta Suplicy. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) será um osso mais duro de roer do que seria o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que sai deste pleito menor do que entrou.

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De acordo com pesquisa Datafolha publicada hoje, Kassab abriu 9 pontos percentuais de diferença em relação a Marta na simulação do segundo turno. Placar: 50% a 41%.

Não é uma dianteira colossal. Pode haver uma virada. Mas Kassab vem embalado por uma onda.

Num determinado ponto da campanha, os estrategistas de Marta preferiam enfrentar Kassab a Alckmin. Mas o prefeito surpreendeu. Jogou Alckmin para escanteio e mostrou uma musculatura que agora assusta os petistas.

Curiosidade: os marqueteiros de Kassab e Marta se enfrentaram no segundo turno presidencial de 2006. O jornalista João Santana, que fez a vitoriosa campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, tem hoje a dura missão de defender Marta na segunda etapa. O também jornalista Luiz González, ironicamente marqueteiro de Alckmin em 2006, está ao lado de Kassab, o novo favorito no pleito paulistano.

Dois anos atrás, uma estratégia agressiva de Santana derrotou a de González. Foi aquela campanha acuando Alckmin com o carimbo de defensor de privatizações. Lula ainda foi ajudado pelo célebre encontro logo após o primeiro turno de Alckmin com Anthony Garotinho, uma espécie de Midas ao contrário em 2006.

Há dúvida se uma campanha agressiva contra Kassab, lembrando o passado malufista e a linhagem pefelista, surtirá efeito parecido a favor de Marta como aconteceu com Lula em 2006.

O figurino de candidata dos pobres contra o candidato dos ricos talvez seja um caminho. Afinal, existem muito mais pobres do que ricos. Mas Kassab, com uma prefeitura bem avaliada, tem realizações a mostrar aos menos abastados.

A contraposição candidata da esquerda contra candidato da direita também parece pouco frutífera para Marta. Um boa fatia do reduzido eleitorado que se importa com cores ideológicas já abandonou o tucano Alckmin no primeiro turno e aderiu gostosamente ao democrata Kassab.

É bom lembrar que algumas vantagens de Kassab no primeiro turno desaparecerão agora. Ele e Marta terão o mesmo tempo de TV. Kassab tinha uma avalanche propagandística que soterrou os adversários na primeira fase.

No entanto, se no primeiro turno era o prefeito quem estava na defensiva e precisava se matar para chegar à segunda fase, agora é Marta quem necessita de uma virada política.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br Leia as colunas anteriores