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08/05/2008

Homem transexual é invisível no Brasil, diz presidente da Parada

TINO MONETTI (interino)

Em uma salinha no 13º andar de um prédio próximo à pça. da República, na região central de São Paulo, Alexandre Santos, 35, organiza os preparativos para a próxima edição da Parada Gay na cidade, marcada para o dia 25 de maio.

Alexandre, que preside a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo desde o início do ano, se desdobra para conseguir dar conta de tantos ajustes com a proximidade do evento.

Tino Monetti/Folha Online
Alexandre Santos, o Xande, preside a associação que organiza a Parada Gay
Alexandre Santos, o Xande, preside a associação que organiza a Parada Gay

Porém, para Alexandre, chamado de Xande pelos amigos, estar a frente de um evento como a Parada Gay de São Paulo, é um grande mérito e uma "imensa responsabilidade".

Xande é o que se chama de "homem transexual" (nasceu com genitália feminina, mas sente o desejo de ser identificado como do sexo oposto), um grupo que, segundo o próprio, ainda é "praticamente invisível" no Brasil. "Alexandre" não é seu nome de batismo.

"Sempre me reconheci como mulher lésbica, mas algo não encaixava. Sempre havia alguma coisa que eu não terminava de entender", revela o presidente, que nasceu na cidade de São Paulo, mas passou grande parte da vida no interior do Estado.

"Em 2003, eu vim para São Paulo exclusivamente para Parada. Quando cheguei e vi tudo aquilo, pensei: 'Meu Deus, preciso saber quem faz isso'. Sempre tive um lado militante, mas, não havia feito nada assim", diz Xande.

"Eu conheci a organização da Parada em outubro de 2003 e comecei a fazer trabalho voluntário com eles, atendendo telefone, lendo o jornal... Então, me tornei secretário geral da associação no ano passado e este ano me convidaram para me candidatar à presidente. Deu certo", conta Alexandre feliz.

Trans

Sobre sua identidade, Xande revela que, após visitar um grupo de transgêneros e transexuais em 2004, percebeu finalmente que era dessa forma que ele se via no mundo.

"Hoje vejo que sou um homem transexual. Muitas pessoas já vieram me dizer que, após minha decisão, também conseguiram se definir e se enxergar como trans. Eu ajudei a erguer essa bandeira, que ainda é quase invisível no Brasil", afirma o militante.

"Já existe uma cirurgia experimental no HC (Hospital das Clínicas, em SP) de mudança de sexo, mas muitas pessoas não procuram por falta de informação. As que procuram, acabam enfrentando muita burocracia", completa.

Hormônios

Xande afirma que ele mesmo já foi uma vítima da desinformação e do desespero para adequar o corpo à forma como se identificava.

"Eu comecei a tomar hormônios, testosterona, indiscriminadamente, sem maiores informações. Até que sofri dois AVC (Acidente Vascular Cerebral) e parei", conta Xande.

"Por isso, hoje luto na busca de mais políticas legislativas para os trans. Ao menos, para que todos tenham direito a um endocrinologista do SUS, que seja. Para que isso que aconteceu comigo não aconteça com ninguém".

Ele planeja realizar cirurgias de redesignação sexual, como mastectomia (remoção das mamas).

Divulgação
Número 5 da revista "Junior" chegará às bancas em duas versões
Número 5 da revista "Junior" chegará às bancas em duas versões

Dose dupla

Devido à Parada Gay, o lançamento do nº 5 da revista "Junior" foi antecipado para o próximo dia 20, em festa no clube Glória. A publicação traz na capa o ator Rômulo Arantes Neto, que se envolveu, em 2007, em um caso de agressão contra travestis --depois elas voltaram atrás e retiraram a acusação. Em seu blog, a revista "Dom" questionou se a militância vai cobrar retratação do ator, como fez, em março, no caso do ator Rodrigo Hilbert, que usou a palavra "bichona" durante o "Domingão do Faustão".

Debate

O turismo para gays, lésbicas e simpatizantes será tema de debates na Assembléia Legislativa de São Paulo no dia 23 (sexta), quando será realizado o 5º Fórum Internacional de Turismo GLS. O tema é "Brasil, Destino Diversidade. A construção do produto inclusivo". No evento, a ser realizado das 19h às 21h30, será apresentado o caso do hotel Axel Hotels, em Buenos Aires, voltado para o público homossexual.

Meninas

A sexta Caminhada de Lésbica e Bissexuais de São Paulo será no dia 24 (sábado). A concentração está prevista para 14h30, na pça. Oswaldo Cruz (em frente ao shopping Paulista). O percurso vai até o Masp, na av. Paulista. A iniciativa é da Liga Brasileira de Lésbicas de São Paulo. No ano passado, a marcha reuniu cerca de 200 manifestantes.

Diva

A festa lésbica Diva foi marcada para o próximo dia 22, das 16h à meia-noite, na The Week, na Lapa (zona oeste). Tocam os DJs Marcos Paulo e Robson Mouse. Será servido churrasco. Haverá ainda gogo dancers e show de laser. Preços: R$ 25 (antecipado) e R$ 35 (no local). O Farol Madalena (r. Jericó, 179, Vila Madalena, tel. 0/xx/11/30326470) é um dos pontos de venda.

Divulgação
Modelo lésbica Thammy Gretchen vira um "caseiro de sítio" em DVD lançado nesta semana no Rio. De novo, ela contracena com a "namorada" Júlia Paes em "Voyeur - A Stripper dos seus Sonhos"
Modelo Thammy Gretchen, que assumiu sua homossexualidade em 2006, segue os passos da mãe na seara da indústria pornô e vira um "caseiro" de sítio em DVD lançado nesta semana no Rio. De novo, ela contracena com a "namorada" Júlia Paes em "Voyeur - A Stripper dos seus Sonhos". As duas faturam com vídeo e ensaios eróticos

Colaborou Sérgio Ripardo

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