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ASNEIRAS E EQUÍVOCOS
No Brasil, até exército vira ONG

Rodrigo Zavala
Especial para o GD

No país onde o tráfico de drogas emprega 20 mil jovens, os devaneios políticos de seus governantes são grandes atrativos para os partidários do escárnio e do deboche. E a nova incumbência das forças armadas é um verdadeiro deleite. Agora, exige-se do exército uma postura assistencialista, como se este fosse uma bóia de salvamento para o naufrágio social brasileiro.

A proposta vem do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende aumentar em 50 mil o número de incorporações de jovens no exército. A idéia é impedir que milhares de pessoas cheguem a situações de risco – como a cooptação pelo narcotráfico.

Enquanto o programa federal Primeiro Emprego ainda passa aos olhos da população como um embuste publicitário, o caminho mais fácil é entupir os quartéis, superlotados, com suas péssimas remunerações para soldados de baixa patente. O problema, deixe-se claro, não está no exército brasileiro, mas nas soluções inapropriadas para o problema.

Quando a Organização das Nações Unidas contra Drogas e Crimes para o Brasil e Cone Sul (UNOCD) divulgou estudo mostrando a participação de 20 mil jovens (11 a 16 anos) no narcotráfico, também apontou a raiz do problema. A carência de serviços públicos de educação, saúde, moradia, polícia, justiça, facilita o controle de partes de cidades importantes por organizações criminosas que impõem a sua vontade por meio do medo. Incorporar ao exército, portanto é mais do que um engodo, é um desperdício de verba pública.

Em torno de 92 mil jovens brasileiros são incorporados todos os anos ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica. Isso significa na prática 5,83% dos inscritos (em 2003, 1.586.984 de alistados), segundo o Ministério da Defesa - o que já é um número razoável para o país. Selecionar mais adolescentes para esse montante não resolverá os problemas básicos de comunidades inteiras não assistidas pelo Estado.

Como todas as falácias, propostas como essa não passam de ilusões. No entanto, o que chama a atenção é o número de adeptos para esse tipo de iniciativa.

 
 
 

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