Simples,
simpáticos, bem-humorados. Foi assim que José
e Guita Mindlin se mostraram na cerimônia que oficializou
a doação das cerca de 15 mil obras que compõem
a Biblioteca Brasiliana para a USP, realizada na quarta-feira
(17/05), na Reitoria da Universidade.
Dizendo-se encabulado, José Mindlin agradeceu a receptividade
da USP em acolher seu “projetinho” – como
jocosamente se referiu a Brasiliana. Seguindo o tom descontraído
de sua fala, o bibliófilo lembrou que sua paixão
pelos livros começou em 1927, quando tinha 13 anos
de idade. “A Biblioteca começou como uma pequena
plantinha, que depois de algumas décadas se transformou
numa árvore frondosa, e após mais algumas décadas
tornou-se uma grande floresta”. E brincou: “Agora
estou lhe trazendo, reitora Suely, mais um trabalho, o de
guarda florestal”.
“A decisão de fazer essa doação
representa para nós uma verdadeira lisonja e homenagem
e, sobretudo, uma demonstração de confiança”,
agradeceu a reitora Suely Vilela, que falou sobre a responsabilidade
da Universidade em “assegurar a identidade de Brasiliana
como inestimável patrimônio cultural, torná-la
acessível à comunidade acadêmica e ao
público em geral, e propiciar os meios para que ela
possa contribuir da melhor forma possível com a evolução
das pesquisas sobre a cultura brasileira”.
Na ocasião também foi apresentado o projeto
do Centro de Estudos Brasileiros, que vai abrigar o já
existente Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), fundado
por Sérgio Buarque de Holanda, e a coleção
doada. Eduardo de Almeida e Roberto Mindlin são os
arquitetos responsáveis pelo projeto – as obras
devem começar ainda este ano, e sua conclusão
está prevista para 2009.
Diretor do IEB, István Jancsó destacou a importância
dessa união para a preservação da memória
nacional. “A Brasiliana custeada pela USP é um
projeto ímpar no Brasil e no mundo”, disse. José
Aparecido Barbosa, gerente de comunicação da
Petrobrás – empresa parceira do projeto –
chamou atenção para o poder que a circulação
de conteúdos culturais representa na nossa sociedade
e caracterizou o Centro de Estudos Brasileiros uma convergência
de esforços por um espaço fundamental para o
aprofundamento de conhecimentos.
Sorridente, Guita Mindlin se mostrou entusiasmada com a oficialização
da doação. “Fico muito feliz em saber
que o patrimônio de toda uma vida tenha como destino
a USP”. Quanto à unificação de
Brasiliana e o IEB, ela diz: “espero que não
demore!”.
A coleção Brasiliana representa apenas parte
do acervo de cerca de 40 mil títulos reunidos em mais
de sete décadas. No conjunto doado à USP, constam
obras de literatura, história, sociologia, poesia.
Dentre as raridades estão documentos do séc.
XVI com as primeiras impressões que padres jesuítas
tiveram do Brasil, jornais anteriores à Independência
e manuscritos que resgatam a gênese literária
de grandes obras, como “Sagarana” (de Guimarães
Rosa) e “Vidas Secas” (de Graciliano Ramos). O
restante das obras ficará com a família.
Bibliófilo formado pela Faculdade de Direito da USP,
José Mindlin foi presidente da empresa Metal Leve,
diretor do Conselho de Tecnologia da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
e secretário estadual da Cultura, Ciência e Tecnologia
de São Paulo. Em 2005, ele recebeu da Universidade
o título de doutor honoris causa.
Cultura e Pensamento 2006
Na mesma cerimônia foi lançado o programa “Cultura
e Pensamento 2006”, dos Ministérios da Educação
e da Cultura. Juca Ferreira, secretário executivo do
Ministério da Cultura, afirma que este programa pretende
“potencializar a capacidade de criar soluções
e estimular o pensamento”. Por meio de financiamento
a pesquisas e apoio a revistas universitárias, o programa
visa valorizar a vida cultural das universidades, bem como
o diálogo entre os saberes".
As informações são da USP Notícias.
Com
doação de Mindlin, USP terá maior coleção
brasiliana do mundo
USP
entrega distinção de Doutor Honoris Causa a
José Mindlin
|