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07/12/2007
Carta da semana


Catástrofe da nossa Educação

”Estou escrevendo por causa da minha angústia pela catástrofe de nossa Educação que vem de mais de 30 anos, período que atuo como educador desde o primeiro grau à pós-graduação. Atualmente, dedico-me à formação de talentos inovadores e empreendedores com vistas a formação empreendimentos de base tecnológica.

Há muito tempo tenho refletido sobre esta questão. Hoje tenho a clareza e a certeza de afirmar que a questão principal está justamente nos professores. Ensinar significa muito mais do que transmitir conhecimentos aos alunos. É necessário transmitir firmeza, entusiasmo, dinamismo e, principalmente esperança. Para isto o professor precisa ser um talento. Ora, como atrair talentos para o ensino com uma oferta de salário que beira o ridículo!

Lembro da resposta de uma aluno que tive no primeiro grau, quando o chamei atenção por chegar atrasado na aula: "professor, o senhor ganha muito menos que pesco todo dia de manhã com meu pai, então porque devo estudar?" Esta, infelizmente, é a mesma história hoje em dia. Não avançamos nada em mais de 30 anos! Aliás, até piorou. Soluções inovadoras e criativas passam por talentos. Como atrais talentos pagando menos a um professor que a um lavador de carros?

A hipocrisia da imprensa, dos governos e das classes dominantes deste país se escandalizam com o apagão aéreo, mas pouco, ou nada fazem com relação a esta catástrofe que é a Educação brasileira. No meu modo de pensar, ela começa pela valorização dos professores. Obviamente não sou ingênuo a ponto de pensar que de um dia para outro possamos quadruplicar, triplicar, ou dar um salto significativo no salário dos professores. Mas poder-se-ia sim, mostrar um horizonte, fazer um planejamento de forma que mostrasse que em 10 ou 15 anos, um professor estaria ganhando pelo menos, o equivalente a um salário de engenheiro.

Desta forma, aqueles que têm vocação para o ensino, se sentiriam estimulados a entrar num curso de licenciatura e, talvez, em 30 anos, começaríamos a mudar este panorama. Até lá, infelizmente, só medidas paliativas. É triste, para mim que sempre atuei na Educação, ver que nada mudou e só piorou em relação ao ensino de primeiro e segundo grau. Se nada for feito, urgentemente, nada mudará nos próximos 30 anos.”
Antônio Rogério de Souza, diretor do centro incubador de empreendedores da Fundação Certi - aro@certi.org.br

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