REFLEXÃO


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urbanidade
27/08/2008

O médico virtual

O "homem virtual" é um advento que usa recursos digitais para ensinar o funcionamento do corpo


Na falta de dinheiro para comprar brinquedo, o menino Chao Lung Wen, um imigrante de Taiwan, fabricava seus próprios brinquedos. Alguns deles eram educativos, como um kit de ciência feito de material improvisado. Sua família prosperou, Chao aprendeu rapidamente o português, entrou no curso de medicina da USP, virou professor e, agora, está prestes a fazer um retorno no tempo a partir deste ano -crianças de São Paulo vão aprender e se divertir com um de seus inventos, batizado de "homem virtual". Uma das salas da Fundação Catavento, um museu que será dedicado aos estudantes, está reservada ao "homem virtual", criado por uma equipe comandada por Chao para ensinar o funcionamento do corpo humano usando recursos digitais. "É o jeito de facilitar o aprendizado de assuntos que os alunos muitas vezes não gostam, como biologia ou química." Por trás dessa experiência, há uma singular mistura profissional.

O menino não perdeu o prazer das invenções e, enquanto cursava medicina, estudava informática. Em pouco tempo, ainda na faculdade, já ensinava os médicos como usar o computador para facilitar o trabalho. Mas encantou-se mesmo com as possibilidades trazidas pela internet. Além de programas de educação a distância para atualizar os médicos, Chao desenvolveu um modelo de ambulatório virtual para tratar pacientes com difícil acesso a especialistas. Toda essa vivência fez com que Chao fosse um dos criadores do curso de telemedicina da USP, do qual é professor. Isso o deixa conectado com o que existe de mais moderno na aplicação da tecnologia de informação da saúde. "Tento disseminar ao máximo como um profissional pode se atualizar ou um paciente pode ser tratado saindo o mínimo de casa."

Escarafunchando as novidades, ele via como, em várias partes do mundo, inventam-se meios para aproximar as ciências das crianças, sem empanturrá-las com aborrecidas fórmulas a serem decoradas. Assim, começava a surgir seu "homem virtual", que interessou à Fundação Catavento, que deverá ser inaugurada neste ano no parque D. Pedro, onde era a sede da prefeitura. A paixão tecnológica não lhe tirou uma visão ancestral da medicina chinesa -de que o primeiro foco do médico é a prevenção, não a doença. Por isso, vê a sua invenção para crianças como uma espécie de remédio preventivo. "Se as crianças entenderem como funciona o corpo, poderão evitar melhor uma série de doenças."

Coluna originalmente publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.

   
   
 
 

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