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lição de vida
03/05/2005
Líder comunitária da exemplo de cidadania

Determinação, essa é a palavra adotada por Maria José Teixeira, artesã e presidente da Associação das mulheres do Patrimônio Selva, que fica a 12 km da cidade de Londrina. Ela, que estava debilitada até alguns anos atrás; sofrendo com problema de circulação e que conseqüentemente lhe rendeu depressão, por sentir-se incapaz, encontrou na fibra de bananeira o caminho para cura desse problema de saúde e para a melhoria da renda familiar.

Ela faz parte de uma fatia significativa de brasileiros, que não se acomodam aguardando ajuda do governo, reclamando que as coisas estão difíceis. Maria tomou partido e enfrentou as dificuldades.

Em 2000, ela participou de um curso, em Curitiba, onde aprendeu a confeccionar artesanatos feitos com a fibra da bananeira. A auto-estima, sentimento indispensável para crescimento moral do ser humano, começa a revelar o talento de Maria que desenvolveu alguns produtos através da fibra de bananeira.

Um fato que com certeza ficará gravado em sua memória foi quando ela entregou pessoalmente, dentro do Aeroporto Internacional de Londrina, uma bolsa feita da fibra, para Marisa da Silva, esposa do presidente Lula. “Eu consegui apresentar meu trabalho para o nosso presidente e sua esposa, e sei que ela sempre usa a bolsa, isso me deixa muito feliz”, comemora Maria.

Segundo ela, a criatividade é sua grande característica, já que desenvolveu vários produtos extraídos da fibra como; tapetes, cadeiras, molduras para espelho e peças para decoração. Esse ano, com apoio da Empresa Paranaense de Extensão Rural (EMATER) ela apresentou duas novidades, na 45ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, que aconteceu de 7 a 17 de abril: o cachipô que é um suporte para vasos e o papel de fibra que pode ser usado para fazer decorações ou para que seja impresso neles; certificados e cartões ou quem sabe trabalhos para quem desejar inovar.

Para a produção do papel e necessário deixar a fibra cozinhar por duas horas, depois de cozida e batida no liquidificador ate ficar cremosa a massa e, então despeja-se numa forma feita de nailon. Segundo Maria, a textura do papel é produzida conforme a quantidade de fibra que e utilizada.

Mais de 30 famílias, dos distritos vizinhos, já participam com ela, na fabricação desses produtos, cujo armazenamento seria realizado em uma estufa, pois aceleraria o processo de secagem e aumentaria a produção, dando uma perspectiva de um ganho maior. Porém, Maria aguarda que seja concretizada a promessa do vice-governador, Orlando Pessuti, que em visita ao seu stand, garantiu a instalação da estufa em seu sitio.

De acordo com a artesã, existem em sua propriedade mais de 500 pés de bananeira, mas conforme ela, esse número se torna insuficiente, já que cresceram as encomendas para a região de Londrina e até para São Paulo.

O esposo de Maria, Vicente Lopes, por exemplo esta com dificuldades de fabricar um tapete de 1,25 por 3,20 para enviar para a capital paulista, pois nos últimos dias o sol não tem aparecido e isso dificulta a secagem.

A banana é uma fruta muito conhecida, mesmo quando falamos de um ponto de vista internacional. O que pouca gente sabe é que da bananeira, além do fruto, resultam cinco fibras diferentes, desde uma mais áspera, mais rudes até outra de textura mais fina.

"É preciso conhecer do assunto para escolher o material correto”, explica a artesã. Em 15 minutos o tronco da bananeira é transformado em fibra e depois começa o processo de protegê-lo contra fungos e a secagem. O processo completo leva mais de três dias e depois é que tem início o trabalho de artesanato.

Uma necessidade básica seria a construção de um espaço para realização desse trabalho, pois segundo ela, os artefatos são feitos em baixo de pés de pêssego e de laranja.

O Engenheiro Agrônomo Gervásio Viera, da EMATER, comentou que é muito importante incentivar pequenos agricultores artesãos como Maria, para que continuem criando novos produtos. “Quem inova, está sempre à frente. A valorização das fibras naturais é um processo muito importante no sentido de que agrega valor a um produto da terra”, ressalta.

Para Maria, a contribuição para com a sua comunidade é prioridade, no sentido de formar novos artesãos e capacita-los para que possam estar aptos a criarem seus produtos sozinhos. “Eu aprendi a fazer esses produtos, mas seria egoísmo não dividir com outras pessoas”, afirma Maria.

Uma de suas intenções está relacionado com a inibição de não deixar as pessoas migrarem para a cidade, já, que para ela, a maioria não consegue se estabilizar. “Meu trabalho é impedir o êxodo rural. Muitas pessoas saem daqui e acabam se dando mal na cidade”, avisa.

Um vídeo contando a história de Maria foi produzido por uma equipe de americanos retratando as dificuldades enfrentadas por ela e por outras mulheres pelo mundo. A superação diante do estado acamado que ela se encontrava. Hoje, ela pode não estar acumulando grandes valores financeiros, mas seu sorriso confirma parcialmente o sentimento de alivio.

Serviço:
Associação das mulheres do Patrimônio Selva
Presidente Maria Jose Teixeira
Fone: (43) 9126-4106

CRISTIANO SILVA
do jornal Laboratório ComTexto( criado pelos alunos da Universidade do Norte do Paraná)

 
 
 

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