Plano
de emergência em caso de guerra
A ameaça
de guerra no Iraque acendeu a luz vermelha no Palácio do
Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos
ministros um plano de emergência para enfrentar as conseqüências
no país de um conflito no Oriente Médio. A conclusão
é que, de qualquer forma, a economia seria atingida, pois
já existe a decisão de suspender todos os investimentos
enquanto durar o conflito.
Além
disso, o governo está preocupado com uma disparada nos preços
do petróleo, pois o barril está acima de US$ 30 e
as estimativas são que poderá chegar a US$ 80 em caso
de guerra na região, a maior produtora de petróleo
do mundo. Além disso, os estoques de gás de cozinha
e diesel do Brasil são baixos e, no caso de um embargo mundial,
seriam suficientes para garantir o abastecimento por 30 dias, no
máximo.
Para o ministro
do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega,
a intensidade dos danos à economia do país dependerá
do tempo de duração do conflito. Pelo cenário
traçado por sua equipe, se houver guerra, ela será
curta. O ministro tem afirmado que uma guerra mais longa poderá
obrigar o governo a adiar ainda mais os projetos de investimentos.
Neste cenário
mais pessimista, o governo não descarta recorrer a medidas
fortes, como aumentos nas taxas de juros, caso a cotação
do dólar dispare. "É claro que estamos falando
de uma guerra curta e sem grandes conseqüências na economia
mundial, mas se o dólar for para R$ 5 ou R$ 6 será
preciso tomar medidas drásticas, como um choque de juros",
disse outro integrante do governo.
Leia
mais:
- Possibilidade de guerra no Oriente Médio faz
governo estudar planos de emergência
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Possibilidade
de guerra no Oriente Médio faz governo estudar planos de
emergência
A ameaça
de guerra no Iraque acendeu a luz vermelha no Palácio do
Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos
ministros um plano de emergência para enfrentar as conseqüências
no país de um conflito no Oriente Médio. O governo
acredita que as áreas mais vulneráveis em caso de
guerra serão o abastecimento de gás de cozinha e óleo
diesel e, na hipótese de guerra biológica, o fornecimento
de vacinas e tratamento. O maior temor é que o vírus
da varíola, doença erradicada no mundo em 1980, seja
usado como arma.
Nas reuniões
que estão sendo realizadas no Planalto para traçar
cenários, a conclusão é que, de qualquer forma,
a economia seria atingida, pois já existe a decisão
de suspender todos os investimentos enquanto durar o conflito, por
mais curto que seja.
Quarta-feira,
numa reunião entre o chefe da Casa Civil, José Dirceu,
o ministro do Planejamento, Guido Mantega, a ministra de Minas e
Energia, Dilma Rousseff, e representantes da área de Defesa
do governo, a conclusão foi que o país precisa estar
preparado para o pior. Uma das preocupações foi a
necessidade de o país estar pronto para tirar os brasileiros
de áreas de conflito, tarefa do Itamaraty e do Ministério
da Defesa.
Todos os ministérios
ligados ao abastecimento foram acionados por Lula para prepararem
cenários para o caso de guerra. Na Agricultura, o temor continua
sendo a falta de milho no mercado, porque o país terá
de importar o produto no segundo semestre. Uma eventual disparada
do dólar também encareceria a importação
de trigo, produto de que o país é grande comprador.
Para o ministro
do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega,
a intensidade dos danos à economia do país dependerá
do tempo de duração do conflito. Pelo cenário
traçado pelo Planejamento, se houver guerra, ela será
curta. Segundo um integrante do governo, Mantega informou a Lula
que, desde que a equipe econômica assumiu, o fator guerra
esteve presente em todas as decisões, inclusive no aumento
da taxa de juros e na intenção de ampliar o ajuste
fiscal.
O ministro tem
afirmado que uma guerra mais longa poderá obrigar o governo
a adiar ainda mais os projetos de investimentos. Neste cenário
mais pessimista, o governo não descarta recorrer a medidas
fortes, como aumentos nas taxas de juros, caso a cotação
do dólar dispare.
"É
claro que estamos falando de uma guerra curta e sem grandes conseqüências
na economia mundial, mas se o dólar for para R$ 5 ou R$ 6
será preciso tomar medidas drásticas, como um choque
de juros", disse outro integrante do governo.
Na economia,
a maior preocupação do governo é com uma disparada
nos preços do petróleo, pois o barril está
acima de US$ 30 e as estimativas são que poderá chegar
a US$ 80 em caso de guerra na região, a maior produtora de
petróleo do mundo.
Além
disso, os estoques de gás de cozinha e diesel do Brasil são
baixos e, no caso de um embargo mundial, seriam suficientes para
garantir o abastecimento por 30 dias, no máximo. Segundo
um técnico da Petrobras, os estoques de gás de cozinha
normalmente são planejados para períodos muito curtos
porque o custo da armazenagem é alto. A Petrobras importa
30% do que é consumido no país.
Nesse cenário,
a estatal já estuda reajustar os preços de alguns
combustíveis, como a gasolina, devido à alta dos preços
internacionais do petróleo, que estão subindo com
o temor de uma guerra no Iraque. O presidente da Petrobras, José
Eduardo Dutra, disse ontem que estão sendo feitos os cálculos
dos percentuais. Como o valor do barril no exterior e o dólar
subiram nos últimos dias, a empresa anunciou um reajuste
de 2,8% no querosene de aviação e de 11,5% da nafta
para a indústria petroquímica.
Em relação
a um possível desabastecimento de combustíveis no
país devido a um conflito no Oriente Médio, Dutra
disse que o Brasil hoje está em uma situação
bem mais confortável do que muitos países desenvolvidos,
como EUA e Alemanha. Isto porque, enquanto o consumo aumentou 48%
de 1990 até agora, a produção nacional cresceu
150% e chega hoje a 1,57 milhão de barris por dia, enquanto
o consumo é de 1,74 milhão de barris diários.
As importações líquidas de petróleo
e derivados são de apenas 10% das necessidades, ou seja,
cerca de 170 mil barris por dia. Além disso, segundo Dutra,
o Brasil importa do Oriente Médio apenas 75 mil barris por
dia.
"A Petrobras
está atenta aos diversos cenários. A situação
do Brasil é bem mais confortável do que a de outros
países", afirmou.
O Ministério
da Saúde também foi chamado para intensificar o plano
de reação caso haja realmente uma guerra biológica.
Por mais que seja considerada remota, não pode ser ignorada
a possibilidade de um "cientista louco", como chegaram
a descrever participantes da reunião de quarta-feira no Planalto,
decidir-se por um ataque biológico. Oficialmente, apenas
o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA e um laboratório
na Rússia teriam o vírus da varíola. No entanto,
teme-se que o Iraque o tenha obtido clandestinamente.
Desde os casos
de ataques com antraz nos EUA, em 2001, a Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) preparou um plano de emergência
para casos de guerra biológica. O planejamento incluiu a
compra de vacinas de um dos sete laboratórios que produzem
o medicamento. Também foram selecionados hospitais para serem
centros de referência no tratamento da doença.
Caso haja suspeita
de varíola no Brasil, a Funasa faria a identificação
do paciente e de todos os que pudessem ter tido contato com ele.
Essas pessoas seriam imunizadas.
"Esse é
o procedimento padrão hoje no mundo. Com a tecnologia que
existe hoje é muito difícil uma doença se espalhar
como acontecia no passado", disse o diretor de epidemiologia
da Funasa, Jarbas Barbosa.
Ele explicou
que a Fundação Osvaldo Cruz foi instruída a
estudar as novas vacinas para ser capaz de produzi-las a médio
prazo. O último caso de varíola foi registrado na
Somália, em 1976. No Brasil, a doença apareceu pela
última vez, no Rio, em 1973.
(O Globo
- 01/02/03)
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