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14/03/2008

Professor está mal preparado, diz secretária

Maria Helena Guimarães atribui precariedade no ensino de matemática à má formação de educadores da disciplina

"O professor sai muito mal preparado das faculdades, no país todo. Claro que não é culpa dele, é do curso", diz titular da pasta de Educação


A secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, admite que há problemas no ensino de matemática na rede, mas ressalta que os alunos estão melhorando em leitura e escrita. "Em português, o rumo está dado", diz ela. Na tarde de ontem, depois de apresentar os dados do Saresp, a secretária estadual conversou com a reportagem.

FOLHA - Como a sra. avalia os resultados do exame?
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO - Em português, o rumo está dado. Desde 1996 há programas para melhorar leitura e escrita, e melhoramos isso com o "Ler e Escrever", implementado ano passado, que possui materiais didáticos específicos e capacitação de professores. Em matemática, não estamos melhorando.

FOLHA - Por que não houve prioridade para a matemática?

MARIA HELENA - Se os alunos não aprenderem a ler e a escrever, não terão bom desempenho em nenhuma outra disciplina.

FOLHA - Mas mesmo em português ainda há um grande percentual de alunos abaixo do esperado.
MARIA HELENA -
É verdade. Mas houve um salto nas médias, o investimento do Estado está dando frutos.

FOLHA - Por que os alunos vão tão mal em matemática?
MARIA HELENA - Um dos principais pontos é a formação dos professores. Isso desde o provão fica evidente, as licenciaturas em matemática sempre tiveram notas muito baixas. O professor sai muito mal preparado das faculdades, no país todo. Claro que não é culpa dele, é do curso oferecido. Também precisamos melhorar os programas de capacitação. Nos últimos quatro anos, investimos R$ 2 bilhões na formação continuada [para todas as disciplinas], mas parece não ter surtido efeito.

FOLHA - A secretaria fará alguma coisa para melhorar os resultados em matemática?
MARIA HELENA - Primeiro, vamos fazer uma intervenção nas cem piores escolas em matemática. Vamos mandar uma equipe para essas unidades ver quais são os problemas, analisar o projeto pedagógico. Também faremos programas de capacitação para professores e daremos recuperação intensiva aos alunos. Outra coisa: detectamos que os alunos passam muito tempo copiando coisas da lousa, porque não há material específico para matemática, como há para leitura e escrita. Por isso, estamos desenvolvendo livros específicos.

FOLHA - Na capital, a região com as piores médias está no extremo da zona leste [periferia], e as melhores, na região central. O que explica isso?
MARIA HELENA - Tem a ver com o nível de renda da região, mas não é só isso. É preciso analisar também os casos específicos. Há escolas, em locais muito vulneráveis, que conseguem bons resultados. Importa muito, por exemplo, a estabilidade da equipe. Não podemos atrelar o resultado apenas à renda.

Folha de S.Paulo