Nesta
época, empresas abrem programas de trainee para atrair
recém-formados; veja algumas oportunidades
Com a tão falada falta de talentos e mão-de-obra
qualificada no mercado de trabalho, as empresas cada vez mais
estão buscando treinar e reter jovens profissionais
para ocuparem cargos de gerência e liderança
no futuro. Por isso, os programas de trainee são fundamentais
na estratégia das grandes organizações.
Agora, no meio do ano, diversos programas em todo o Brasil
recebem inscrições e iniciam os processos seletivos
para definir o novo time de trainees.
Segundo os especialistas, essa é uma oportunidade
que os jovens têm até dois anos depois de concluírem
sua graduação e não deve ser desperdiçada.
“Ele aprende a se movimentar no mundo corporativo com
o suporte de um programa estruturado, além de participar
e conduzir projetos com objetivos pré-definidos e de
ter um plano de desenvolvimento e crescimento profissional
diferenciados”, avalia a sócia da Acalântis
Assessoria e Consultoria de RH Françoise Winandy.
Além disso, o salário é bem maior do
que a média do mercado. “Um trainee pode começar
ganhando até R$ 4 mil por mês, mas a cobrança
em cima dele será proporcional, pois estão investindo
e apostando nesse jovem”, afirma a consultora de RH
da Cia. De Talentos Mônica Mayol. O salário alto
também serve para reter esses jovens talentos, que
serão formados desde o início de suas carreiras
dentro da cultura e dos valores da empresa que os seleciona.
Mas conseguir tudo isso não é tarefa fácil.
Às vezes, existem até mais de mil candidatos
para cada vaga oferecida. Como geralmente os candidatos são
recém-formados e não possuem currículo
extenso, a eliminação ocorre por meio de provas
de conhecimentos gerais, de inglês e entrevistas.
“A pessoa também precisa apresentar qualidades
que são bem-vindas em qualquer ambiente de trabalho
como ética, capacidade de trabalho em equipe, potencial
de liderança, comunicação, relacionamento
interpessoal, iniciativa, perfil empreendedor e criatividade”,
diz Françoise.
A identificação do trainee com a empresa também
é essencial para evitar frustrações de
ambas as partes. De acordo, com Mônica, da Cia de Talentos,
é comum que o jovem tenha dúvidas sobre qual
caminho seguir. “Antes de sair fazendo inscrição
em qualquer lugar, é importante fazer um exercício
de auto-análise e tentar projetar onde se quer chegar
e se aquela empresa pode corresponder a esses objetivos.”
Mudança
Como o treinamento pode durar até três anos,
também pode acontecer de o trainee ficar desanimado
no meio do caminho. “Se ele perceber que não
era bem isso o que queria, ao invés de jogar tudo para
o alto, deve conversar com seus gestores e expor a situação”,
aconselha o professor da área de Comunicação
Integrada da ESPM e colaborador do Centro de Integração
Aluno-Empresa (Cintegra), Paulo Cunha.
“Já tive aluno que foi aprovado em multinacional,
em uma vaga concorridíssima, e que estava querendo
abandonar o treinamento. Conversando com os coordenadores
do programa, entretanto, percebeu que o problema não
era a empresa, mas a função que desempenhava.
Foi só mudar de área e tudo se resolveu”,
conta Cunha.
Conhecer o programa oferecido pela empresa com antecedência
também pode livrar o joevem de armadilhas, uma vez
que algumas empresas usam a palavra “trainee”
de forma indevida, apenas para chamar atenção
e atrair bons candidatos.
Françoise faz um alerta para as empresas: em muitos
casos, a intenção da companhia é boa
e a vontade de implementar um programa de sucesso é
genuína, mas fracassa por não ter bases sólidas.
“Deve haver uma preparação e a cultura
ser respeitada. Se isso não acontecer, haverá
resistência interna e o programa não dará
certo.”
O Estado de S.Paulo
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