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24/09/2007

Em 24 h, Virada Esportiva reúne 1 milhão

Sol de rachar, temperatura na casa dos 33C, duplas de sunga jogam futevôlei numa quadra de areia. Lutadores de esgrima, vestidos a caráter, duelam sobre a marquise de um parque. Adultos e crianças escorregam numa tirolesa, como se estivessem no meio do mato. Nem parecia São Paulo. Mas as filas gigantescas, o engarrafamento, até de madrugada, e a falta de informação não deixavam dúvida.

Cenas da primeira edição da Virada Esportiva, série de atividades variadas, de futebol de botão a esportes náuticos, que totalizaram 400 eventos em 230 locais da cidade, das 14h de sábado às 14h de ontem.

Inspirada na Virada Cultural, que acumula três edições, a versão esportiva teve um público acima do esperado -cerca de 1 milhão, sendo 300 mil deles competidores, segundo a prefeitura. A previsão inicial era de reunir 100 mil pessoas.

"Eu não gosto de fila. O paulistano não quer mais fila. Mas esse é o primeiro evento. Assim como a Virada Cultural, a terceira ou quarta edição da esportiva será um sucesso", diz o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman. "A expectativa era de uma juventude bombando, por isso o policiamento foi reforçado."

Se a segurança foi o forte -policiais militares, seguranças e guardas metropolitanos em carros e motos patrulhavam os locais-, a falta de informação desapontou alguns.
Há 25 anos vivendo em São Paulo, o norte-americano John Macy, 50, encarou duas horas de fila para deixar três filhos praticarem tirolesa, no final da noite de anteontem, no Memorial da América Latina. "Não achei informações sobre a programação. Fui ao Ibirapuera buscar um folheto. Não achei. Eles deveriam divulgar melhor da próxima vez, porque é uma iniciativa fabulosa", diz Macy.

Fã de esportes, o engenheiro Tiago de Oliveira, 28, estava ontem de bike no parque Villa-Lobos, onde, além de futevôlei e vôlei de praia, teve uma luta de esgrima sobre a marquise. Também se sentiu desinformado sobre o evento.
"Poderia ter alguém dos organizadores na entrada do parque falando sobre as atividades. Eu jogo basquete. Onde posso praticar no dia em homenagem ao esporte? Não faço idéia."

O secretário Walter Feldman nega falta de informações. "Distribuímos 300 mil guias e disponibilizamos o site", diz.

Carros e corredores
O engarrafamento foi outra constante nos arredores dos principais locais. Quem tentou trafegar pela avenida 23 de Maio, sentido bairro, e pelas ruas paralelas ao parque Ibirapuera, de manhã, enfrentou longos trechos de lentidão. Houve interdições por conta da Maratona de Revezamento Pão de Açúcar, que fez parte das atividades da Virada Esportiva.

Eniraci Fabre, diretora do Departamento de Promoção de Esporte e Lazer da Secretaria Municipal de Esportes, disse que 25 mil atletas se inscreveram para a maratona, que contou ainda com mais 2.500 não-inscritos. Como se não bastasse os corredores, o público lotou ontem o parque. Havia fila até para usar o bebedouro.

O engenheiro Wilson Saiki, 45, que se considera um veterano em maratonas na região do Ibirapuera, não sabia que ela havia sido incorporada à virada. Neste ano, além do filho Willian, 15, que acompanhou o pai pela terceira vez, Saiki trouxe o amigo Joel Kimura, 54, também engenheiro. "Estava me preparando havia três meses. Mas não tinha corrido na rua, só na academia. Achei incrível", disse Kimura, que se dizia empolgado para encarar a próxima maratona no ano que vem -com ou sem engarrafamento.

Roberto de Oliveira e William Vieira
Folha de S.Paulo.