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26/03/07

Professor da rede pública tem maiores ganhos em SP

No Estado, rendimento de professora da rede pública pode ser 22% superior

Para especialistas, maior qualidade do ensino na rede privada vem do fato de essas escolas trabalharem com perfil segmentado


O mesmo exercício comparativo entre os rendimentos de professores das redes privada e pública no Brasil foi repetido especificamente para São Paulo. A conclusão dos autores do estudo sobre diferenciais de salário entre os docentes é que, em São Paulo, o rendimento ao longo da carreira e levando em conta a aposentadoria são ainda mais vantajosos para a rede pública do que o verificado no resto do país.

No Brasil, quando incluídos os vencimentos na aposentadoria e os descontos previdenciários, os rendimentos de uma professora da rede pública de 1ª à 4ª série ao longo da vida são 12% superiores em relação a suas colegas da rede privada em uma das simulações feitas. Em São Paulo, esse diferencial sobe para 22%.

Para o mesmo perfil de professor, mas do sexo masculino, o diferencial a favor do setor público é de 7% em todo o Brasil. Especificamente em São Paulo, ele sobe para 18%.

Em São Paulo, assim como para todo o país, as médias da rede pública no Saeb e no Enem são piores do que as verificadas em escolas privadas.

Para a presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Juçara Dutra Vieira, é preciso considerar nessa análise também que boa parte do diferencial em termos de qualidade do ensino na rede privada vem do fato de essas escolas trabalharem com um perfil segmentado de aluno por serem pagas.

No caso do ensino público, pondera Vieira, as escolas atendem a todo o perfil de aluno, o que torna o trabalho do professor mais difícil.

"Achamos que não é muito científica a tese generalizada de que as escolas privadas são muito superiores às públicas. Além disso, há muita interferência de outros fatores que ajudam a explicar por que uma escola pública tem rendimento menor do que uma particular nos exames nacionais", diz.

Para o economista Samuel Pessoa, um dos autores do estudo, esse argumento faz sentido."O fato de a escola privada cobrar mensalidade faz com que muitos alunos, especialmente os mais problemáticos ou muito pobres, não se matriculem nela. Mas eu suspeito que, mesmo numa escola privada que atende ao mesmo perfil de aluno do que uma pública, os resultados vão ser melhores no setor particular, talvez por uma pressão maior exercida pelos pais dessas escolas", afirma.

Pessoa diz que, como o regime de trabalho é mais favorável ao professor na rede pública, era de se esperar que os resultados também fossem melhores. "Na rede pública, o professor tem estabilidade, pode faltar várias vezes e não é cobrado por desempenho. Suas condições de trabalho, nesse sentido, seriam até mais favoráveis."

Folha de S.Paulo.