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26/03/07

Melhores alunos ficam mais tempo na escola

Um outro lugar-comum que o cruzamento feito a partir dos dados do Saeb e da Prova Brasil questiona é a necessidade de turmas menores para um melhor aprendizado. Ao separar os fatores que interferem na nota dos alunos, o professor Naércio Menezes Filho descobriu que, mais do que o número de alunos em sala de aula, é o tempo que eles ficam na escola que faz diferença.

'Vemos claramente que os melhores alunos não estão nas menores classes, mas sim naquelas escolas onde há mais horas de aula', explica. A diferença está nas escolas com até cinco horas diárias e nas que ofereciam mais de cinco horas - vários Estados, inclusive São Paulo, têm escolas em tempo integral, onde os estudantes fazem aulas normais em um dos períodos e atividades complementares ou de reforço no outro.

Em Barra do Chapéu, município líder no Estado no ranking da Prova Brasil na 4ª série, uma das iniciativas apontadas pela própria diretora como um dos possíveis fatores para o sucesso foi a inclusão de horas extras como reforço para alunos que haviam repetido de ano ou estavam com desempenho considerado crítico.

'O grande problema era que os alunos repetiam muito e perdiam o interesse. Ficavam repetindo e repetindo até que abandonavam a escola', conta Sara Regina Oliveira, diretora da Escola Leonor Mendes de Barros, na cidade do Vale do Paraíba, interior de São Paulo.

Aos 32 anos, ela assumiu a diretoria da escola e implementou mudanças, que fizeram com que, no ano passado, os alunos estivessem entre o grupo de nove municípios que obtiveram mais de 218 pontos na prova. Isso significa que na 4ª série eles são capazes de perceber o sentido de uma metáfora e as intenções implícitas nas falas de personagens em narrações, além de lerem gráficos e resolverem problemas com quilogramas e moedas.

'A escola não pode mais ser como era antigamente', responde ela, que assumiu o cargo há três anos. 'A primeira coisa que fiz foi chamar os professores e conversar. Existia muita falta, então vimos uma maneira de premiar quem não faltasse. Outra coisa foi traçar metas de aprendizado. Mas temos turmas grandes em algumas séries sim, isso não pode ser modificado', diz.

Separação de turmas
A formação de turmas menores continua sendo defendida pelo sindicato dos professores de São Paulo. 'O professor precisa de turma menor. Ele não tem como controlar 45 alunos em sala. Em São Paulo, o governador vai colocar a figura do estudante universitário para ser o segundo professor nas primeiras séries, como se isso fosse adiantar. Por que então ele não separa em duas turmas menores?', questiona Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp. Segundo ele, o que os professores vêem na sala de aula não é o que está sendo apontado por cruzamento de dados.


O Estado de S.Paulo