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  ciência
17/11/2003
Preconceito racial 'exaure' o cérebro, revela pesquisa

HANOVER, EUA - O contato inter-racial deixa exaurido o cérebro de pessoas que guardam algum grau de preconceito racial, devido a um suposto esforço para controlar reações ou pensamentos, mostra uma nova pesquisa americana.

No estudo, publicado na edição on line da revista "Nature Neuroscience", pesquisadores aplicaram a 30 voluntários brancos um teste-padrão para verificar se eles abrigavam algum grau de preconceito racial. O teste é considerado controverso, mas a correspondência de resultados com os demais testes aplicados na pesquisa surpreendeu os cientistas da Faculdade de Darmouth, , no estado de New Hampshire, nos EUA.

No teste, os voluntários tiveram que associar conceitos negativos e positivos a imagens de pessoas brancas ou negras. O preconceito é medido pelo padrão com que se demora a associar conceitos negativos aos brancos e conceitos positivos aos negros. Os cientistas alertam, porém, que isso não quer dizer que as pessoas nas quais o teste detectou algum grau de preconceito fossem declaradamente racistas ou adotassem comportamentos preconceituosos no dia a dia. Depois, os participantes foram convidados para entrevistas com pessoas negras ou brancas. Logo em seguida, submeteram-se a um teste não relacionado para medir o desempenho cognitivo. Os voluntários nos quais o teste inicial detectou algum grau de preconceito foram os que se saíram pior no teste cognitivo, como se a necessidade de interagir com uma pessoa de outra raça os tivesse esgotado mentalmente.

Um indício de como esse esgotamento ocorre foi dado por um outro teste realizado na pesquisa. Os cientistas usaram exames de ressonância magnética funcional para verificar como reagia o cérebro dos voluntários quando eles viam fotografias de pessoas brancas e negras.

"Descobrimos que as pessoas brancas com grau mais alto de preconceito experimentavam uma grande atividade neural em resposta às fotografias de negros. A atividade elevada era no córtex pré-frontal dorsolateral direito, uma área na parte da frente do cérebro que está associada ao controle de pensamentos e comportamentos", relatou em um comunicado a chefe da pesquisa, Jennifer Richeson, professora assistente de psicologia e ciências do Cérebro da Faculdade de Dartmouth.

Ela disse que o teste deixa clara uma tentativa de suprimir alguma reação ou pensamento, ainda que não seja possível saber quais.

Ao analisar a pesquisa em conjunto, todos os dados confirmavam uns aos outros. "Ficamos surpresos por descobrir que a atividade cerebral em resposta à imagem de indivíduos negros predizia como os participantes haviam se saído nos testes cognitivos depois de interações reais com pessoas de outra raça", disse a cientista. Ou seja, pessoas em que o cérebro ficou "cansado" depois de uma entrevista com um negro foram as mesmas que, diante das fotos, mostraram grande atividade na área relacionada ao autocontrole.

Os pesquisadores dizem que o estudo demonstra que o preconceito racial, ainda que não intencional ou não declarado, faz com que as relações com pessoas de outra raça exijam mais do cérebro e o cansem - como exercícios exaurem os músculos.

A pesquisa conclui: ter preconceito racial em uma sociedade onde a diversidade é cada vez maior pode ser ruim para o desempenho do cérebro.

 

As informações são do GloboNews.com.

   
 
 
 

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