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trabalho
24/09/2004
Renda cai e desemprego estaciona

Depois de apenas um mês de recuperação em relação ao ano passado, a renda média real dos trabalhadores voltou a cair em agosto tanto em relação ao mesmo mês de 2003 quanto a julho deste ano. Já a taxa de desemprego, que vinha apresentando retração por três meses, passou de 11,2% em julho para 11,4% em agosto, o que, diz o IBGE, significa estabilidade. A queda do rendimento médio real (descontada a inflação) foi de 1,4% em relação a julho e de 0,93% contra agosto de 2003. Com isso, a renda média ficou em R$ 893,10, bem inferior à de dois anos atrás.

Em agosto de 2002, o valor era de R$ 1.045,52. Em julho, a renda real havia apresentado alta (2,01%) em relação ao mesmo período do ano passado, a primeira desde que a comparação começou a ser feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em março de 2003. O que parecia ser um primeiro indício de recuperação dos ganhos do trabalhador virou retração em agosto, causando surpresa nos analistas. "A queda na renda foi uma surpresa. Não esperava um crescimento de 2%, como em julho, mas preocupa ter voltado a ficar abaixo do patamar de 12 meses atrás, já que 2003 foi um ano muito ruim para a economia", disse Lauro Ramos, coordenador de Estudos de Mercado de Trabalho do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento.

"Não esperava que a renda fosse cair", afirmou o diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, João Sabóia. "Mas não significa que não poderemos melhorar. A economia cresce num ritmo bom." O gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Pereira, aponta uma ligeira piora do mercado de trabalho como uma das causas da queda dos rendimentos.

Em agosto, houve alta, mesmo que pequena, no setor informal, que une os empregados sem carteira assinada -0,5% em relação a julho- com os trabalhadores por conta própria -1%. Ao mesmo tempo, foi registrada queda de 0,6% no total de empregados com carteira assinada. Também aumentaram os trabalhadores em serviços domésticos (2,8%) e construção civil (2,6%).

"São setores que sabemos que remuneram mal", disse Pereira. Ele aponta ainda outro fator -uma alta da inflação sem uma reposição salarial equivalente. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) estava em 4,4% em maio, subiu para 6% em julho e chegou a 6,3% em agosto. Sabóia ressalta que, segundo os números da população economicamente ativa (pessoas que pelo menos tentaram encontrar emprego), 101 mil pessoas entraram no mercado. Desse total, cerca da metade conseguiu se ocupar, e a outra metade entrou para o índice de desempregados.

"A renda caiu porque as pessoas que conseguiram se ocupar foram trabalhar por conta própria ou em empregos sem carteira, que são as duas piores categorias de ocupação." Lauro Ramos, do Ipea, aponta que dos 19,18 milhões de ocupados em agosto, 2,85 milhões são sub-remunerados (rendimento mensal por hora trabalhada inferior ao salário mínimo/ hora). "Isso mostra o quão fundo fomos na deterioração do mercado."


GABRIELA WOLTHERS
da Folha de S.Paulo, sucursal do Rio

   
 
 
 

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