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REFLEXÃO


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06/03/2006 
O Brasil de Pierre Verger

O Museu de Arte Moderna de São Paulo abriu no dia 15 de fevereiro de 2006 a exposição “O Brasil de Pierre Verger” com exibição de 290 fotografias do artista e viajante francês radicado em Salvador. Com curadoria de Alex Baradel e acervo da Fundação Pierre Verger, a mostra sinaliza os dez anos da morte do fotógrafo e os 60 anos em que viveu intensamente na Bahia. Das imagens exibidas, 70% são inéditas. Um filme e atividades educacionais interativas complementam o evento de artes visuais em cartaz até 26 de março. O patrocínio é da PricewaterhouseCoopers. O projeto museográfico é de Naia Alban.

“O Brasil de Pierre Verger” segue para o MAM do Rio de Janeiro (de 30 de maio a 15 de julho) e o MAM de Salvador (em cartaz de 6 de agosto a outubro).

A exposição enfatiza a relação afetuosa de Pierre Verger (1902-1996) com o país e, em especial, a profunda pesquisa visual da cultura e religião baiana, pela qual esteve envolvido até os últimos anos de vida. As fotografias foram produzidas nos anos 50 e, segundo o curador, a exposição não pode ser considerada uma retrospectiva. O recorte dado à mostra reforça o interesse do artista pela identidade brasileira. Além de grande parte das imagens realizadas na Bahia, há fotografias feitas em Pernambuco, Pará, Rio de Janeiro, Maranhão e São Paulo.

O curador organizou a exposição em torno de seis núcleos: “Manifestações Populares”, “Arte e Artesanato”, “Cotidiano”, “Atividades profissionais”, “Sertão/Fé” e “Cultos Afro-brasileiros”. Para a compreensão dos segmentos, foram criados 18 aspectos temáticos recorrentes no olhar de Pierre Verger, que são: (1) o travesti no carnaval (no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco), (2) o circo Nerino (montado em Recife), (3) o bumba-meu-boi, (4) o frevo (ambas desenvolvidas em Pernambuco), (5) Festa do Navegantes (em Salvador), (6) poetas populares, (7) pintores baianos, (8) Mestre Vitalino (de Caruaru), (9) porto (de Belém), (10) arquitetura paulistana, (11) saveiros (no litoral de Alagoas), (12) Feira de São Joaquim (Bahia), (13) colheita do caroá, (14) fabricação de cachaça (Pernambuco), (15) vaqueiro (Feira de Santana), (16) Canudos/Monte Santo (interior da Bahia), (17) peregrinação (Bom Jesus da Lapa, na Bahia) e (18) cultos Afro-brasileiros na Bahia, em Pernambuco, no Maranhão e Rio de Janeiro.

A maior quantidade de fotografias está concentrada no tema dos cultos religiosos. A exposição exibe ainda um filme com duração cerca de 30 minutos e trilha sonora a partir da edição de 600 fotografias realizadas por Pierre Verger. No espaço interativo, a curadoria coloca à disposição seis computadores para que o público possa pesquisar por conta própria a vasta produção do artista, hoje conservada na Fundação Pierre Verger. O espectador pode acessar ainda documentários, gravações sonoras, documentos iconográficos, bibliografias e textos de vários autores de projeção como de Gilberto Freyre, Roger Bastide, Jorge Amado, Darcy Ribeiro e outros.

Para o curador Alex Baradel, a exposição chama a atenção ainda para dois aspectos da obra de Pierre Verger: o estético e o testemunhal. “Ele era um fotógrafo que agia com muita simplicidade. Desse ponto de vista estético suas imagens não são de alguém que dava muita importância a técnica da fotografia, preocupado em ter o melhor foco Pierre Verger ficou como o humanista, atento às manifestações culturais populares de uma época. E por isso mesmo deixou o seu testemunho, com uma grande potencialidade e de profundo interesse para brasileiros e estrangeiros”.

O artista
Pierre Verger nasceu em 4 de novembro de 1902, em Paris. Formado no ambiente de uma família economicamente estável, aprendeu a fotografar em 1932. Fascinado por viagens, o artista aprendeu o ofício numa máquina Rolleiflex. De 1932 a 1946 viajou, após a morte de sua mãe, por vários países. Nesse último ano conheceu a Bahia e ficou fascinado pelo ambiente cultural que encontrou – oposto ao clima de pós-Guerra que a Europa vivia.

Ao descobrir o candomblé, passou a pesquisar com profundidade o culto aos orixás. A dedicação nos estudos fez com que ganhasse uma bolsa para conhecer os rituais na África, para onde partiu em 1948. A intimidade com a religião fez com que, em 1953, recebesse o nome de Fatumbi. Como resultado de sua dedicação, Pierre Verger produziu 2 mil negativos e passou também a escrever sobre suas experiências e estudos. Suas viagens se intensificaram em seguida e fez intercâmbios entre países africanos, da Oceania, Europa, América Latina e a própria Bahia, que adotou como o seu lugar, apesar de ser visto como nômade.

Nos anos 60, comprou uma casa em Salvador e, dez anos depois, parou de fotografar. Na década de 80, preocupou-se mais com o estudo do material coletado e, em 1988, criou a Fundação Pierre Verger, para a qual doou toda obra. A instituição mantém 62 mil negativos fotográficos, gravações sonoras, filmes, documentos, correspondências, manuscritos e objetos relacionados ao artista. Pierre Verger morreu em 1996 e pediu que o seu trabalho tivesse prosseguimento.

Serviço:
O MAM fica localizado no Parque do Ibirapuera, portão 3 - s/n
Tel.: (11) 5549-9688
Horários: terça à domingo e feriados das 10h as 18h
Ingressos: R$ 5,50
(estudantes pagam meia entrada com a apresentação da carteirinha)
Estacionamento Gratuito

As informações são do site do MAM.

   
 
 
 

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