Fórum Econômico Mundial anuncia os Jovens Líderes Globais para 2010

PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
DA FOLHA DE S.PAULO

O Fórum Econômico Mundial anunciou os Jovens Líderes Globais para 2010. Dos 197 eleitos em 72 países -"por suas realizações profissionais, compromisso com a sociedade e potencial de contribuição para moldar o futuro do mundo"-, 3 são brasileiros.

São eles: Christina K. Lopes, da CKL Consulting; Jill Otto, da Companhia Financiera Otto, e Rodrigo de Méllo Brito, da Aliança Empreendora, finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2008, parceria da Folha de S.Paulo com a Fundação Schwab, cujas inscrições para 2010 começam no dia 10 de março.

O novo grupo -formado por jovens com menos de 40 anos líderes da sociedade civil e de empresas (incluindo as sociais), governo e ONGs- tem representantes da Europa (46), do Extremo Oriente (43), da América do Norte (38), da Ásia Meridional (21), da América Latina (18), da África Subsaariana (17) e do Oriente Médio/África Setentrional (14).

"O Fórum Econômico Mundial é uma comunidade que representa verdadeiramente os mais diferentes grupos de interesse, composta por responsáveis globais pela tomada de decisões, onde os Jovens Líderes Globais representam a voz do futuro e as esperanças da próxima geração", afirma Klaus Schwab, fundador e presidente-executivo do fórum.

Para ele, "a diversidade dessa comunidade e seu compromisso no sentido de moldar um futuro melhor por meio de iniciativas de interesse público são ainda mais importantes num momento em que o mundo carece de novas energias para solucionar árduos desafios".

Os premiados integrarão uma comunidade que conta hoje com 660 pessoas. Os Jovens Líderes Globais reúnem-se em uma cúpula anual, que neste ano ocorrerá de 2 a 7 de maio, na Tanzânia, bem como em eventos e reuniões do fórum ao longo do ano.

Esses eventos permitem que esses líderes construam uma comunidade sólida e diversificada e se engajem em iniciativas globais e regionais para abordar proble¬mas específicos de interesse público.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista com o empreendedor social Rodrigo de Méllo Brito, 28.

Folha - Você foi um dos 197 selecionados num grupo de mais de 5.000 candidatos. Foi um novo vestibular na sua vida? Qual a responsabilidade dessa eleição?
Rodrigo de Méllo Brito - Na verdade, foi algo muito mais gratificante do que um vestibular. Para o vestibular, você apenas estuda por alguns meses e passa. Neste caso, e apesar de ser "jovem", foram oito anos de muito estudo, trabalho e dedicação, e não de uma única pessoa, mas de uma equipe inteira de jovens empreendedores que fundou a Aliança Empreendedora. Agora toda essa experiência poderá
-e deverá- ser disseminada e potencializada para esta rede de empreendedores em todo mundo, assim como trazer novas oportunidades que gerem desenvolvimento para o Brasil.

Folha - Os Jovens Líderes Globais representam a voz do futuro e as esperanças da próxima geração. Para Klaus Schwab, a diversidade da comunidade YGL e seu compromisso no sentido de moldar um futuro melhor por meio de iniciativas de interesse público são ainda mais importantes num momento em que o mundo carece de novas energias para solucionar árduos desafios. Na sua avaliação, quais são as prioridades globais e regionais?
Brito - Acredito que uma prioridade tanto regional como nacional seja melhorar o ambiente de negócios para os nano e microempreendedores, por estar provado que este é um caminho que gera maior inclusão, diminui a desigualdade, fortalece a economia interna de países e é mais autossustentável do que ações assistencialistas ou que geram dependência, seja de organismos internacionais ou de governos, estabelecendo programas de apoio mais próximos e adequados à realidade e aos desafios desses empreendedores, e não oferecendo soluções desenhadas de cima para baixo ou a partir de escritórios que tiveram pouco contato com a realidade.

Acredito que a crise econômica traz uma oportunidade interessante para refletirmos e reavaliarmos a relação entre o mercado financeiro e a economia real e concreta e do descolamento que se acentuou entre esses dois mundos. Acompanhando microempreendedores de baixa renda, vimos que um dos públicos mais afetados na prática pela crise no Brasil foram os catadores de materiais recicláveis, que tiveram uma queda de cerca de 50% na sua renda mensal em questão de três meses, sendo que muitos nem entendiam a relação do preço dos materiais recicláveis (que despencou pelo desaquecimento) com a crise que nasceu do efeito cascata de bolhas inchadas por expectativas e ilusões especulativas.

Ao mesmo tempo, não é correto nem prudente julgar que "está tudo errado" ou que "o" problema é isso ou aquilo, pois já há um bom tempo que o mundo é complexo o bastante para acharmos um ou outro culpado. Culparmos o mercado e acreditarmos que os governos é que são a solução é algo simplista demais e um baita retrocesso em termos de visão histórica do mundo. Basta olhar para trás e compararmos para vermos que caminhos geraram melhores resultados.

Tivemos grandes inovações financeiras e real desenvolvimento e inclusão econômica e social gerada no mundo com essas inovações (que óbvio, devem sempre ser aprimoradas), inclusive com os emergentes e o desenvolvimento que o continente africano tem tido recentemente, coisa que nunca aconteceu anteriormente com décadas de ajuda internacional feita de forma pouco estratégica.
O que temos de ficar atentos é que bolhas ou crises são de certa forma cíclicas, mas com origens diferentes. O que acredito que temos de buscar é um mundo mais plural e menos monolítico em termos de atores, o que só acontecerá com uma menor desigualdade e melhor democracia.

Folha - Faltam empreendedores sociais no Brasil?
Brito - Apesar de ser um dos países com maior número de empreendedores sociais, assim como a Índia, vejo que o empreendedorismo social ainda é um bebê no Brasil, e que, pelo tamanho dos problemas que temos, sejam eles morais (como a corrupção) ou sociais, principalmente em relação à desigualdade de renda existente, ainda precisamos de muitos empreendedores sociais, com visão e atitude arrojada inovadora, com atuação profissional e que vise um alto impacto.

Além disso, em palestras, reuniões e aulas com professores e especialistas, por vezes fico surpreso, negativamente, com o fato de pessoas como essas que sequer ouviram falar em empreendedorismo social, não sabem quem é Muhammad Yunus [fundador do Grameen Bank e Prêmio Nobel da Paz em 2006, que popularizou o microcrédito no mundo] ou a Ashoka [organização mundial que viabiliza alianças e parcerias de organizações sociais com empresas privadas]. Portanto acho que deveríamos começar por aí, disseminando bons exemplos e tornando-os próximos à realidade e dia a dia das pessoas.

Folha - Quais as novidades da Aliança Empreendedora para 2010?
Brito - Para 2010, vamos triplicar o impacto do número de empreendimentos e microempreendedores de baixa renda apoiados nos nove Estados brasileiros, assim como o aumento da renda gerada, que em 2009 variou de 45% a 170% devido ao nosso sistema e modelo de apoio, que oferece os acessos a conhecimento, crédito e canais de comercialização de forma integrada aos microempreendimentos apoiados.
Além disso, iremos fortalecer a rede de organizações aliadas e lançaremos ao todo três portais pela internet, que estão sendo desenvolvidos desde o ano passado.

O primeiro deles é o e-commerce da Solidarium, que viabilizará a venda dos produtos de microempreendedores; o segundo chama-se Impulso e viabilizará microcrédito on-line, onde investidores de todo o mundo poderão conhecer e investir diretamente nos empreendimentos apoiados; e, por último, o Portal de Educação a Distância, que disseminará conteúdo, vídeos, metodologias e exemplos de empreendedorismo comunitário de baixa renda para organizações sociais em todo o país.

Finalmente, estamos ampliando as ações de mobilização e comunicação para engajar mais pessoas e organizações tanto na internet como presencialmente, como as ações durante a Semana Global de Empreendedorismo, por exemplo, em que mobilizamos cerca de 40 mil pessoas em 2009.

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