Fatores de sucesso incluem profissionalização e mudança de cultura empreendedora

CÁSSIO AOQUI
DA FOLHA DE S.PAULO, EM MIAMI

Calcanhar de Aquiles de muitos empreendedores sociais, a gestão profissional é o primeiro e um dos principais desafios que devem ser superados por suas organizações, avaliam especialistas em negócios sociais em diversos painéis da conferência SVC/SE (Social Venture Capital/Social Enterprise), em Miami.

O desafio aumenta à medida que se torna imprescindível não só desenvolver uma mentalidade de negócios e começar a pensar comercialmente mas também transferir esse modo de pensar para toda a equipe, que deve abraçar a nova forma de atuação.

Para Paula Cardenau, diretora de iniciativa em negócios sociais da Ashoka Internacional, há uma forte resistência de muitos empreendedores sociais a trazer habilidades específicas a seus negócios sociais.

"Eles precisam constantemente reduzir custos para poder oferecer produtos e serviços às comunidades de baixa renda a preços atrativos, devem romper as barreiras geográficas, investindo nos canais de distribuição, e têm de mostrar os benefícios dos produtos ofertados. Além de tudo isso, claro, buscam obter lucro com as vendas. Para isso, precisam aplicar ferramentas de marketing, finanças e gestão de pessoas", exemplifica Cardenau.

"Outro aspecto importante é a preocupação com a governança dos negócios sociais -é fundamental que o empreendedor social 'empodere' seu púlico-alvo, tornando-o participativo no processo decisório de sua organização", completa.

Atrair profissionais qualificados para executar os projetos, com novos modelos de compensação na contratação de pessoas, obter acesso ao capital e aos mercados e participar ativamente de redes de contatos, por meio do networking, são alguns fatores críticos de sucesso que demandam profissionalização, acrescenta José Francisco Aguirre, gerente de projetos do Compartamos con Colombia, consultoria sem fins lucrativos que fornece know-how em gestão a fundações e projetos sociais colombianos.

Kelly Michel, fundadora da Artemisia Brasil e da Vox Capital, destaca a necessidade de investir em desenvolvimento técnico, como elaboração de plano de negócios, e pessoal, em características como liderança, comunicação e colaboração.

Outro fator de sucesso, diz Kelly, está relacionado à criação de um ambiente favorável às empresas sociais, o que envolve a participação de advogados, relações-públicas e assessores de marketing, por exemplo, especialistas nesse modelo de negócios. "Faz parte de nosso trabalho na Artemisia construir um 'cluster' [aglomerado de pessoas alinhadas] em negócios sociais."

Cultura de negócios sociais

O sucesso ou não das empresas sociais está intimamente ligado à cultura, aos sistemas de crença e aos modelos mentais no meio em que estão inseridas, afirmam diversos especialistas.

"A cultura é crucial para o desenvolvimento de negócios sociais quando se trata de atitudes em relação à tomada de riscos e à capacidade de lidar com o fracasso, que se assemelham na América Latina", destaca Ricardo Terán, cofundador do Agora Parnerships, que se dedica a lutar contra a pobreza por meio do apoio a empreendedores de pequenos negócios em países desenvolvidos.

"Embora o brasileiro seja muito empreendedor, há um grande medo de fracassar e não há no Brasil suporte em casos de fracasso como existe nos Estados Unidos", pontua Kelly.

Além da mudança cultural -de como as pessoas enxergam e aceitam o empreendedorismo-, outros caminhos para estimular o ambiente de negócios sociais num país passam por desenvolver habilidades técnicas, estimular o fortalecimento institucional e incentivar modelos que sirvam de inspiração para outros, avalia Kenneth Hynes, diretor do grupo ontheFRONTIER.

Universidades

No processo de profissionalização das empresas sociais, as universidades mostram-se de fundamental importância, dizem os especialistas, não só ao fornecer ferramentas adaptadas de gestão mas também ao realizar estudos ligados ao desenvolvimento e a políticas públicas, que ajudam as organizações na hora de ganharem escala e beneficiarem um grupo mais significativo de pessoas.

"A universidade também tem um papel maior em ensinar e ajudar a desenvolver métricas e indicadores no campo de negócios sociais, que misturem variáveis econômicas e sociais, sem focar apenas uma", completa Cardenau, da Ashoka.

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