Parcerias intersetoriais efetivas devem ser prioridade

CÁSSIO AOQUI
DA FOLHA DE S.PAULO, EM CARTAGENA (COLÔMBIA)

Na imprevisível fórmula "inovação + aumento de escala = impacto social positivo", um fator muitas vezes subestimado torna-se cada vez mais preponderante no atual momento de investimento social na América Latina: as parcerias.

Elemento-chave na hora de ganhar escala, a importância de estabelecer relações sólidas e diversificadas foi ressaltada por empreendedores sociais, investidores e agentes de mudança social ontem no painel "Investimento Social Inovador na América Latina", na versão regional do Fórum Econômico Mundial, em Cartagena (Colômbia).

"Há 60 milhões de pessoas na América Latina sem acesso a saneamento básico. Esse tipo de desafio assim como o da educação e o da saúde só será superado por meio da articulação entre diferentes setores em prol de um novo modelo", salienta Luis Alberto Moreno, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Para Angela Mari Tafur, diretora-executiva da Give to Colombia, organização que angaria recursos estrangeiros a fim de serem investidos em projetos sociais locais, é preciso ir além da visão tradicional da relação doador-receptor de recursos, sobretudo financeiros. O desafio, afirma, é obter uma colaboração pró-setor, conectando os diferentes investidores e fazendo-os trabalhar juntos para criar um impacto multilateral.

"O diferencial é conectar um projeto social a outro, estabelecendo a ponte entre seus investidores também, como fizemos em Cali, unindo trabalhos com a Fundação Motorola e a Exxon Mobil. Isso permite ganhar escala de atuação e sustentabilidade", exemplifica Tafur.

Antes de atingir essa integração, a Give to Colombia estrategicamente procura envolver os funcionários de seus investidores, entre os quais estão multinacionais como Dell, Citibank, Pfizer e GE, nos programas atendidos. Há, dessa forma, uma divisão de expertise que leva à escalada do impacto e ao compromisso de longo prazo, segundo Tafur. "Também é essencial envolver a academia entre os parceiros, que tem o papel de replicar conhecimentos acerca dos projetos", acrescenta.

Estabelecer parcerias diversificadas também foi o caminho encontrado pelo empreendedor social Akula Vikram, da Índia, para tornar sua organização, a SKS Microfinance, a maior instituição de microfinanças de seu país, com 6 milhões de clientes, exemplifica Mirjam Schoening, diretora-executiva da Fundação Schwab, parceira da Folha na realização do Prêmio Empreendedor Social.

Schoening destaca ainda dois atributos essenciais na busca por mudanças sociais efetivas: inovação e replicabilidade. "Em dez anos, a Fundação Schwab tem notado que uma forma de obter soluções sociais efetivas é encontrar novos caminhos de resolver os problemas e almejar o ganho de escala."

Futebol social

No painel, organizado pelo BID e fechado para cerca de 30 convidados, representantes de organizações sociais e presidentes de fundações de grandes empresas, como Pepsico, Intel, Exxon Mobil e Coca-Cola, discutiram ainda experiências inovadoras para os investimentos sociais na região.

Nem o futebol ficou de fora. Jürgen Griesbeck, fundador da streetfootballworld da Alemanha, destaca que a realização da Copa em 2014 no Brasil é uma oportunidade inclusive para os países vizinhos de acelerar algumas melhorias sociais que normalmente demorariam de 20 a 30 anos para serem atingidas.

"Basta ver o exemplo da África do Sul, sede da Copa deste ano, que vem obtendo importantes mudanças sociais e culturais, ainda que num continente muito mais complexo e difícil de atuar", compara Griesbeck.

A streetfootballworld trabalha como uma espécie de facilitadora de uma rede de organizações que têm como ferramenta o futebol para atingir missões sociais e mudanças locais nas áreas ambiental, educacional e da saúde, entre outras. Em 54 países, oferece suporte em capacitação, acesso à informação e criação de procedimentos de padrão de qualidade. Para a Copa 2014, a entidade fechou parceria coma Fifa, a fim de dar visibilidade aos projetos que atende.

"Para os que querem investir nesse momento", sugere Griesbeck aos executivos de poderosas fundações internacionais presentes no encontro, "é necessário levar a responsabilidade social a sério. Só poderemos alcançar mudanças sociais se trabalharmos juntos".

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