Discussão de sustentabilidade no Brasil é "única", diz professor de Harvard
ANDRÉ LOBATO
DA FOLHA DE S.PAULO
A conferência "O Mundo Sob Nova Direção", promovida pelo Instituto Ethos, termina hoje (14), após quatro dias de debate sobre responsabilidade social corporativa.
Pela manhã, o professor de responsabilidade social corporativa Simon Zadek, da Universidade de Harvard, dirigiu-se a palestrantes e público para dizer: "Vocês têm ideia que esse debate não ocorre com essa profundidade em nenhum outro lugar do mundo?".
Para ele, a mistura de inspirações, pragmatismo, visão de negócios e embasamento político propiciam uma mistura crucial para o sucesso da sustentabilidade na agenda pública. "Isso você não vê no Reino Unido, na China ou na África do Sul", exemplificou.
Segundo ele, em outros países, como os da Europa, o tema da sustentabilidade é normalmente abordado de "maneira muito técnica, focada no negócio, ou então na forma de lobby político, sem o entendimento dos processos que levam a mudança [de atitude]". "A discussão aqui é única", afirmou.
Cubanos
Com um ponto de vista distinto, a delegação cubana, presente ao evento a convite do governo do Canadá, aprovou os debates, mas sentiu falta de políticos na discussão.
"É muito bom ter empresários e sociedade civil, mas políticos também são importantes nesse processo", opina a professora Martha Zaldivar, que trabalha num núcleo de investigação econômica da Universidade de Havana.
Em Cuba, explica Zaldivar, as ações sociais são feitas por meio do governo ("de cima para baixo"), enquanto em outros países são feitas de "baixo para cima".