Cinco décadas de projetos sociais

Exposição reúne trabalhos de Lelé, arquiteto que ajudou a erguer Brasília

GABRIELA LONGMAN
DA FOLHA DE S.PAULO

O Museu da Casa Brasileira inaugurou na noite da última terça-feira a exposição "A Arquitetura de Lelé: Fábrica e Invenção". A mostra procura traçar um panorama dos mais de 50 anos de carreira de João Filgueiras Lima, o Lelé, 78, arquiteto carioca profundamente ligado a questões sociais -seu nome tornou-se conhecido, entre outros, pelo projeto dos hospitais da rede Sarah de reabilitação, construídos em diferentes capitais brasileiras.

Participante ativo na construção de Brasília, Lelé chegou ao Planalto Central em 1957 e atuou, junto com Darcy Ribeiro (1922-1997) e Oscar Niemeyer, na implantação da UnB. Nos anos que se seguiram, criou ou esteve ligado a diferentes entidades de pesquisa, projeto e fabricação (tais como a Faec, o CTRS ou o instituto Habitat, que preside atualmente). Para o poder público -especialmente na cidade de Salvador-, projetou escolas, abrigos, passarelas e prédios administrativos.

Ao longo de décadas, sua arquitetura gerou controvérsia -amor ou antipatia- pelo uso extensivo de pré- fabricados em concreto e, posteriormente, em argamassa armada. O prédio da prefeitura de Salvador, por exemplo, tornou-se um marco por ter sido erguido em 14 dias.

"Nunca, por formação, tendência ou vocação, eu seria um arquiteto ligado à parte de engenharia, da execução", escreveu Lelé certa vez. "Mas, coincidentemente, logo na primeira grande experiência profissional, eu fui envolvido em construção: tinha que saber como era o traço do concreto, tinha que fazer as instalações elétricas [...] tudo tinha que ser feito, senão Brasília não seria feita. Na prática construtiva de Brasília, não havia distinção clara entre arquiteto e engenheiro."

A exposição paulistana tem curadoria do holandês Max Risselada, professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Delft, em parceria com Giancarlo Latorraca, diretor técnico do Museu da Casa Brasileira. Segundo Latorraca, a importância de Lelé deve-se, entre outras coisas, ao fato de propor "um tipo de arquitetura capaz de suprir em larga escala as demandas nacionais por infraestrutura coletiva".

Nas quatro salas que compõem a mostra, alternam-se maquetes, fotografias, filmes, animações e desenhos, especialmente os dos hospitais da rede Sarah. Os diferentes exemplos permitem analisar a maneira como, na cobertura de cada uma das unidades, Lelé desenvolveu sistemas complexos de ventilação e iluminação natural, criando centros de saúde que escapam do uso da luz branca e do ar-condicionado.

"Projetar um hospital sempre envolve uma série de quesitos: o uso da ventilação natural, a humanização, a sustentabilidade", disse Lelé, durante a abertura, cercado por uma centena de admiradores e amigos da velha e nova guarda da arquitetura.

Atualmente, o arquiteto trabalha na construção do edifício que abrigará o acervo de Darcy Ribeiro. O projeto foi feito quando o antropólogo ainda estava vivo, mas demorou a sair do papel. "O prédio fica pronto neste ano e vai ser exatamente como ele gostaria", comemora. Os dois amigos se conheceram em 1951.

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