Brasilândia será oficializada como integrante do Movimento Cidades em Transição
Trazida à região pela Fundação Stickel, a iniciativa tem o objetivo de preparar cidades, bairros e comunidades para serem sustentáveis
DE SÃO PAULO
A Brasilândia, distrito da zona norte de São Paulo, será oficializada como a primeira localidade de baixa renda no mundo a integrar o Movimento Cidades em Transição (Transition Towns), cujo objetivo é preparar cidades, bairros e comunidades para serem sustentáveis.
A formalização acontecerá no dia 11, durante o 1º Seminário Internacional do Transition Brasilândia, que ocorrerá na Casa de Cultura da Brasilândia (praça Benedicta Cavalheiro, s/n), com a presença de May East, diretora do centro de treinamento de autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas).
Criado pelo permacultor Rob Hopkins, o movimento inglês Transition Towns --ou Cidades em Transição-- já conta com a adesão de mais 110 cidades, bairros e ilhas ao redor do mundo. Prega a ideia de cidades inteiras sustentáveis, fomentadas pelo comércio local, livre da dependência do petróleo e da importação de alimentos.
Preocupado com os rumos que o Reino Unido vinha tomando no que se refere à autossuficiência de combustível e de alimentos, Hopkins idealizou um plano, constituído por 12 passos, para alcançar a resiliência: capacidade de sobreviver diante situações adversas e extremas como a escassez do petróleo, crises na produção de alimentos, falta de água e energia.
A proposta exige esforços de todos os segmentos da sociedade e abarca diferentes aspectos da vida do cidadão (saúde, educação, transporte, economia, agricultura e energia).
O Movimento Cidades em Transição foi levado à Brasilândia pela Fundação Stickel. A articulação já dura mais de seis meses e envolve diretamente cerca de 150 líderes, instituições, poder público e negócios locais na comunidade.
A realização de cursos profissionalizantes, um mutirão para revitalizar uma praça, mapeamento de todos os stakeholders, área e exposições de arte e cultura foram algumas das iniciativas levadas à região com o movimento.
No seminário, os trabalhos serão comandados pela superintendente da fundação, Monica Picavea, e a May East, diretora do Cifal Findhorn (Centro de Treinamento de Autoridades da Organização das Nações Unidas).
Serão apresentados os avanços nas áreas de saúde, ambiente, social, economia, história e cultura na comunidade, no Brasil e no Mundo, obtidos pelo movimento, além de palestras com outros profissionais envolvidos na ação.
Fundação Stickel
Originada em 1954, por conta da atuação social e assistencial do casal Martha e Erico Stickel, a Fundação Stickel teve como proposta inicial atender crianças carentes afetadas pela tuberculose.
Posteriormente, a vocação da entidade foi revista e focada no fomento à arte contemporânea brasileira e no desenvolvimento de comunidades com altos índices de vulnerabilidade social.
Atualmente, a fundação realiza diversas ações voltadas à promoção de trabalhos de artistas em ascensão no campo da fotografia, gravuras e outras artes, que, em contrapartida, disponibilizam seus conhecimentos aos jovens da Brasilândia, ministrando oficinas e workshops.
A instituição investe ainda em programas voltados à geração de renda para a comunidade da Vila Brasilândia, como o "Jovens de Talento" e "Mulheres de Talento", possibilitando aos assistidos pelos projetos oportunidades de inserção social pelo trabalho e pelo acesso à cultura.