As organizações sociais e a crise econômica

Maria Elena Pereira Johannpeter

A crise econômica mundial certamente não é um problema que atinge apenas as grandes empresas. Todos os setores da sociedade de uma forma ou de outra também sentirão os efeitos deste cenário marcado por incertezas e dúvidas, enxugamento de investimentos, fechamento de fábricas e demissão de profissionais. Mas o que o terceiro setor tem a ver com tudo isso? Em um país onde existe cerca de 300 mil organizações sociais, a resposta é muito.

Todas as variações ocasionadas por essa turbulência exigem das instituições um reposicionamento frente à elaboração e condução de seus projetos. Com investimentos limitados, as empresas serão mais exigentes quanto aos resultados e à prestação de contas dos recursos repassados; o cidadão vai querer saber muito bem sobre a instituição com a qual contribui; e o consumidor fecha o ciclo ao escolher produtos de empresas ativamente engajadas com o social. Quem ganha com isso é a própria instituição -que a cada trabalho poderá desenvolver e aperfeiçoar sua metodologia- e a comunidade ou público beneficiado, que receberá um serviço ainda melhor e terá mais transparência no relacionamento.

No Brasil, o terceiro setor tem uma participação econômica muito expressiva: hoje ele representa 5% do PIB nacional (segundo pesquisa do Programa de Voluntários das Nações Unidas em parceria com a Universidade de John Hopkins, dos EUA).

Em escala global, o mesmo estudo constatou que se o terceiro setor de 26 países analisados formasse uma única nação, ela seria a sexta maior economia do mundo, apresentando um PIB maior do que o do Reino Unido. Ou seja, um segmento que envolve cerca de 1,5 milhão de assalariados (ou 5,5% dos empregados de todas as organizações formalmente registradas no Brasil) e com tamanha força econômica pode sofrer um impacto imensurável caso não sejam iniciadas medidas preventivas no âmbito de gestão.

Embora ainda não se tenha um entendimento preciso quanto ao resultado final dessa oscilação econômica, o momento é de acelerar a profissionalização. As organizações da sociedade civil precisam estar cientes dos efeitos da crise e investir na criatividade para não deixar na mão seu público beneficiado.

Possivelmente, os investidores sociais já estejam priorizando iniciativas mais claras, objetivas e sustentáveis. Quiçá com um cenário de maior exigência -mas também de oportunidade- seja menos difícil separar-se o joio do trigo e os investimentos possam ser canalizados para projetos sérios, transparentes e com impacto nas suas comunidades.

Maria Elena Pereira Johannpeter é Empreendedora Social de Destaque da Fundação Schwab e presidente-executiva da ONG Parceiros Voluntários. E-mail: melena@parceirosvoluntarios.org.br.

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