Indicado ao Nobel financiou projeto por 12 anos com renda própria
ANDRÉ LOBATO
DA FOLHA DE S.PAULO
Papá Jaime, como é conhecido na Colômbia, ou Jaime Jaramillo, como foi batizado, é um engenheiro do petróleo que mudou de vida após ver uma criança ser atropelada. Começou distribuindo pães para crianças e adolescentes que viviam nos esgotos de Bogotá e agora tem uma instituição que já atendeu mais de 55 mil crianças.
Ele abriu na manhã de terça-feira (2/6) o primeiro painel do UnoMarketing - Comunicação e Sustentabilidade, que tinha como tema: "Além da Redação: Estou Comprometido com Minha Responsabilidade Social?". Confira trechos da entrevista com Papá Jaime.
FOLHA - Como está o projeto Niño de los Andes hoje?
PAPÁ JAIME - Já passaram mais de 55 mil meninos e meninas pelo projeto, que encontraram a paz e o amor em seus corações. E o mais importante é que cada um que sai inspira outros [a entrarem no projeto].
O mais importante é o despertar da consciência. Nossa sociedade, o mundo inteiro está inconsciente. Por isso há tanto sofrimento, tanta guerra.
FOLHA - Como o projeto desperta a consciência das crianças? Que ações fazem?
JAIME - A primeira ferramenta é a educação, a comunicação. Tem também os livros que escrevo, das palestras, dos exemplos [de crianças que passaram pelo projeto] que mostram que, sim, se pode. Abra sua mente, seu coração e concentre sua energia no que quer ser, e não no negativo- no passado, no que sofreu, no que perdeu.
FOLHA - Você tem alguma relação com algum projeto no Brasil?
JAIME - Não, aqui no Brasil não. Mas vamos encontrar uma! [risos]
FOLHA - Como se financiam?
JAIME - Nos primeiros 12 anos [o recurso], saiu do meu bolso. Depois criamos a ONG e a lógica é não dar o peixe, mas ensinar a pescar. Sessenta por cento de nossas despesas são autossuficientes. Dependemos de máquinas de padaria, bolsas plásticas, que são usadas pelos maiores de 18 anos que saíram do projeto. Temos padarias, várias atividades, reciclagem, e outros extras. O mais fabuloso é nosso (um) grupo de teatro, que se chama os "Hijos del Curia", baseada em dois livros que escrevi. São 17 crianças que agora estão indo a Porto Rico, depois aos Estados Unidos e provavelmente ao Brasil.