Desafio atual é aliar sustentabilidade com qualidade, diz dono da Osklen

ANDRÉ LOBATO
DA FOLHA DE S.PAULO

A venda de produtos sustentáveis com qualidade passa pela atitude política de usar, por exemplo, uma t-shirt. Essa é a opinião de Oscar Metsavaht, 47 , dono da grife de roupas Osklen e criador do Instituto E, voltado à promoção da sustentabilidade. Metsavaht esteve presente como palestrante no primeiro dia do Unomarketing - Comunicação Consciente, que começou terça-feira (2/6) e acaba nesta quinta-feira (4/6). Leia trechos da entrevista.

FOLHA - Como está a inserção de tecnologias sustentáveis na produção de moda da Osklen?
OSCAR METSAVAHT - Existem materiais em vários processos, uma fibra desenvolvida de uma maneira sustentável. Não vou nem discorrer sobre o mérito dessa sustentabilidade. Às vezes recebemos só como fibra, às vezes só como tecido, às vezes já acabado, de forma artesanal, ou já tingido. Recebemos amostras de corantes. Acabamos virando uma referência [para receber propostas de novos materiais] e criamos o Instituto E.

FOLHA - O que é?
METSAVAHT - É o instituto que eu fundei de promoção à sustentabilidade.

FOLHA - Mas como está a promoção dessa sustentabilidade na moda, quais são os desafios?
METSAVAHT - Por exemplo, o couro da amazônia foi lançado pela Bia Saldanha. Mas o couro desbotava, perdia o brilho etc. Muitas marcas usaram porque era bacana, mas começaram a dar defeito e pararam de usar. Isso não é sustentabilidade. Isso, no máximo, é se apropriar de uma coisa para dizer que estão sendo sustentáveis. Eu acho que desenvolvimento sustentável é: 'não deu certo? por quê?' Se não deu certo, vamos ajudar a melhorar. Melhorar com nossos conhecimentos de qualidade de produtos de confecção, estética, de comunicação e de apresentação ao cliente. O cliente tem que saber que está comprando um produto que ainda está em um processo e que talvez não tenha a mesma qualidade dos materiais desenvolvidos há cinquenta anos pela indústria. Os materiais sustentáveis não estão 100% testados em seu uso. Sempre temos um tag [etiqueta] dizendo o que é o material e de onde ele vem. Isso é fundamental. Informar a sociedade. O que acho interessante é saber o que se tem por trás. Posso fazer uma t-shirt tão boa e tão bela com material sustentável ou não. Mas a indústria têxtil já desenvolveu materiais que não desbotam, não rasgam, não descosturam etc. Alguns sustentaveis já têm essas características, outros não. Tenho que informar que a qualidade não é só estética mas sim o valor que tem por trás. E você pode escolher. A decisão é do consumidor, não nossa.
Mas nossos vendedores explicam, "olha o que tem por trás". O consumidor pode dizer que prefere o mais barato. Ao mesmo tempo dizemos que está em processo. É um momento de nós, a sociedade, dizermos vamos comprar isso. Vou me animar com esse produto e criamos escala.

FOLHA - Qual a participação dos produtos sustentáveis na coleção? O quer conquistar?
METSAVAHT - Não dá para dizer objetivamente. A gestão desses processos depende muito de sazonalidade, instrução, ação de ONGs e investimentos locais, de fundos. Desde aquela plantação ter crédito para plantar a oferecer uma estratégia de visão: 'Vamos produzir mais algodão orgânico este ano porque daqui a seis meses aquela empresa vai querer comprar'.
O Instituto e trabalha junto com parceiros, ajudando, por exemplo, a identificar os elementos estéticos de um artesanato, a ensinar a fazer o plantio orgânico do algodão. Há as peles de peixe. Já viu minhas bolsas e sapatos feitos com couro de peixe?

FOLHA - Não. Mas como é essa linha sustentável?
METSAVAHT - Não divido mais em linha. Ela [a roupa] leva o selo e [do Instituo e].

FOLHA - Pela palestra, o sr. dá a entender que acreditava mais em mudança de atitude do que em certificação...
METSAVAHT - As certificadoras têm que existir. Mas imagina quantos selos não teremos daqui a um tempo, teremos que ser experts. Ou você confia ou não. É uma questão de credibilidade, não dá para ter todos os selos. Tem que ter uma coisa que você olha e é legal, a partir da qual diz:"Ah, eu sei que eles usam as certificadoras, só entram em projetos legais". Então, com isso, se você tem uma dúvida, entra no site e verifica.
Conhecemos poucas certificadoras. Mas conhecemos o símbolo da Globo, da Apple...

FOLHA - Teve uma camisa sua sobre o protocolo de Kyoto...
METSAVAHT - Sim. Foi em 1999. Ninguém sabia o que era o protocolo.

FOLHA - Pois é. E as pessoas usavam as blusas.
METSAVAHT - Convenção da Biodiversidade, Carta da Terra, Agenda 21, são vários conceitos importantíssimos para qualquer cidadão.

FOLHA - Mas se a pessoa não tem ideia do que é...
METSAVAHT - Se estou usando uma t-shirt legal, você não vai perguntar o que é? Se eu estou na loja, eu vou perguntar para o vendedor: "O que é isso aqui?". Não é um surfista, não é uma banda de rock'n roll, não é uma caveira.

FOLHA - É para ajudar a virular?
METSAVAHT - Exatamente, para instigar

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