'Empresas devem publicar balanços ambientais'
Melhoria dos processos produtivos deve ser contribuição das empresas ao ambiente, diz José Goldemberg
MARIANA IWAKURA
DA FOLHA DE S.PAULO
Mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental para as gerações futuras foram os temas discutidos no seminário "Projetos mobilizadores e comunicação estratégica", realizado ontem (3/6), durante o segundo dia do Unomarketing - Comunicação Consciente - Feira e Seminário Internacional de Marketing Sustentável, que termina hoje (4/6) na Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
José Goldemberg, professor de física da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador da comissão de bioenergia do Estado de São Paulo, ressaltou que previsões dão conta de que, até 2050, a temperatura média do planeta subirá 2º C. "Pode não parecer muito, mas é. Isso vai provocar enormes modificações no tipo de vida que temos", afirmou.
Goldemberg criticou empresas que mantêm ações filantrópicas como atitudes sustentáveis enquanto são poluidoras. "Ser defensor da sustentabilidade é politicamente correto. E o politicamente correto é um componente forte da hipocrisia", sublinhou.
"No que se refere à área ambiental especificamente, há uma contribuição [que as empresas podem dar]: melhorar os processos produtivos", sugeriu o professor. E completou: assim como as empresas publicam balanços financeiros anuais, devem também divulgar balanços ambientais das suas atividades.
O diretor da consultoria Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini, ressaltou que, de 2006 para cá, o diálogo sobre sustentabilidade saiu de grupos de ambientalistas e de algumas empresas e entrou na vida das pessoas como temas de moda e de escolas de samba.
Voltolini disse que começa a ver um pensamento mais sistêmico sobre o assunto nas organizações. Há dez anos, a estratégia da empresa versava sobre produto, mercado e consumidor, afirmou. Hoje, as companhias ouvem o que os públicos de interesse esperam e tentam incorporar isso no negócio.
"Acho que, em quatro anos, vai acontecer com sustentabilidade o mesmo que aconteceu com a qualidade total nos anos 80", opinou Voltolini.