Falta de campanhas de prevenção
aumenta câncer de mama no país
JORGE BLAT
da Folha Online
O aumento do
número de casos de câncer de mama no Brasil, divulgado
em abril último pelo Ministério da Saúde, em
pesquisa do Instituto Nacional do Câncer, poderia ser menos alarmante
se campanhas de esclarecimento e prevenção fossem
realizadas regularmente.
"Até o momento as campanhas têm sido tímidas".
Esta é a opinião da mastologista Maria Elizabeth Mesquita,
coordenadora da área de Educação Populacional
da Sociedade Brasileira de Matologia.
"O nosso problema ocorre por falta de detecção
precoce da doença, falhas de atendimento dos sistemas de
saúde e a pouca cultura de nosso povo", acrescenta Mesquita.
Em 1980, 6,14 mulheres morreram de câncer de mama, em um grupo de
cada 100 mil mulheres. Em 1997, esse número subiu para 9,31. O instituto
estima que 9,78 mulheres em cada grupo de 100 mil morrerão por causa
da doença em 2000.
Nos EUA, a incidência de câncer de mama em mulheres caiu 1,7%. Para
especialistas norte-americanos, uma explicação para a queda dos
casos seria a diminuição de doses de hormônio nos anticoncepcionais
e a popularização do auto-exame como forma de diagnosticar
precocemente a doença.
Em São Paulo, o estudo prevê o surgimento de 9.860 casos neste ano.
Desses, a estimativa é que morram 2.670 pessoas.
"As mulheres brasileiras, em geral, têm procurado informações
sobre o câncer do mama, mas há ainda um número
expressivo delas que, por pudor, medo da doença, dificuldades
em contatar o serviço de saúde ou outras razões
resistem até mesmo a se autoexaminarem", explica Mesquita.
Como consequência, o Brasil ainda apresenta alto índice
de retirada completa da mama por câncer justamente por apresentar
diagnósticos tardios da doença.
A quimioterapia, porém, tem sido uma grande aliada no tratamento.
Apesar de apresentar efeitos colaterais no paciente por causa da
radiação, o seu uso, muitas vezes, evita a retirada
da mama. "Últimamente tem sido utilizada de forma mais
frequente, o que vem ajudando enormente no tratamento", acrescenta
Mesquita.
Diante deste cenário preocupante, a Sociedade Brasileira
de Mastologia prepara uma campanha de orientação e
prevenção de doenças mamárias para o
próximo mês de outubro que alcançará
todo o país. Segundo Mesquista, a campanha já conta
com a adesão dos meios de comunicação, fontes
empresariais e escolas.
Auto-exame
Como acontece com muitas outras doenças, uma vida saudável,
a boa alimentação, rica em frutas e verduras, e a
atividade física são requisitos essenciais na prevenção
do câncer de mama.
Mesquita recomenda também que a mulher "evite o fumo,
coma menos gordura animal, amamente por períodos longos e
não tome medicação hormonal sem controle e
orientação médica".
O auto-exame das mamas feito pela mulher é um dos métodos
preventivos mais eficiente. "Toda mulher deve treinar desde
jovem o auto-exame e ser examinada pelo ginecologista uma vez por
ano", aconselha Mesquita. A recomendação do Instituto
Nacional do Câncer é que o auto-exame seja feito mensalmente,
após a menstruação.
Para as mulheres que não menstruam, como por exemplo, aquelas
que já se encontram na menopausa, ou as que se submeteram
a histerectomia (retirada do útero), ou ainda aquelas que
estão amamentando, deve-se escolher um dia do mês e
realizar o auto-exame sempre neste dia mensalmente. Desta forma,
a mulher cria o hábito e não esquece de realizar o
auto-exame das mamas.
O exame permite a descoberta de nódulos de mama tanto benignos
quanto malignos. É imprescindível que a mulher sempre
procure um médico para avaliação de qualquer
alteração encontrada.
O exame sistemático e periódico das mamas, feito pela
própria mulher, pode detectar tumores malignos de pequenas
dimensões, permitindo um tratamento adequado e, conseqüentemente,
um bom prognóstico.
Exame clínico
O exame clínico das mamas é feito sempre por um profissional
de saúde treinado. Apresenta as mesmas vantagens que o auto-exame
(ausência de efeitos colaterais, baixo custo e fácil
realização) e deve ser instituído como rotina
nos exames físicos, independentemente da especialidade do
profissional.
A sua efetividade depende, no entanto, do grau de habilidade e da
experiência desenvolvida pelo profissional que o realiza.
Segundo o instituto, ele é parte fundamental no desenvolvimento
dos programas de detecção do câncer de mama
e deve ser sempre utilizado, principalmente nos países em
desenvolvimento.
Mamografia
A mamografia, radiografia simples das mamas, é considerada
por muitos o procedimento mais importante para detecção
do câncer de mama e é principalmente recomendada para
mulheres acima de 50 anos.
Devido ao fato da radiação ionizante (utilizada na
mamografia) ser considerado um fator de risco para o câncer
de mama, o exame não deve ser feita em mulheres muito jovens
e nem praticado de forma indiscriminada.
A mamografia permite um diagnóstico precoce da doença.
Dessa forma, o tratamento do câncer, que está em estágio
inicial, torna-se menos invasivo.
Quando o tumor está pequeno, durante a cirurgia de retirada,
é possível preservar a mama, o que torna o processo
menos traumático.
Ultra-sonografia
A ultra-sonografia é um importante método auxiliar
no diagnóstico de doenças das mamas. O exame informa
sobre o estado da pele e dos tecidos subcutâneo, fibroglandular,
celular e muscular posterior.
É o melhor procedimento a ser adotado para mulheres jovens,
sendo indicado na diferenciação entre tumores sólidos
e líquidos (cistos), em processos inflamatórios e
na monitorização de extração por meio
de seringa de parte do tecido canceroso.
Nas mulheres acima de 50 anos, a ultra-sonografia pode ser útil
na avaliação de nódulos palpáveis, mas
não evidentes na mamografia.
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