Poluição e inversão térmica
aumentam
alergias no inverno
LUÍS GUSTAVO GAGLIARDI
free-lance para a Folha Online
Nessa época do ano, os ambientes fechados como cinemas,
teatros, bares e restaurantes, atraem uma quantidade maior de pessoas
que querem fugir do frio. Outros preferem simplesmente ficar em
casa.
Tanto faz, já que os ácaros, pequeninos mas irritantes
"bichinhos" que não deixam seu nariz em paz e têm
preferência por ambientes fechados quentes, são os
principais responsáveis por reações alérgicas,
como as rinites, asmas, bronquites, rinossinosites.
No inverno,
o ar poluído concentra-se abaixo dos 200 metros de altitude,
isso porque a inversão térmica - fenômeno típico
nesta época do ano - impede que o ar suba. O ar poluído
fica "encaixotado" e mais próximo das pessoas,
colaborando com a manifestação de doenças e
alergias respiratórias.
O ar-condicionado
é também outro vilão para os alérgicos.
Na maioria dos cinemas, teatros e casas noturnas o sistema de ventilação
é feito por intermédio de ar-condicionado. Esses aparelhos
possuem filtros que devem ser regularmente limpos já que
armazenam uma quantidade extraordinária de pó e mofo,
expelidos com o ar para os ambientes.
Dentro
de casa o perigo está guardado em armários, quando
fechados por um longo período. Cobertores e mantas não
devem ser utilizados pelas pessoas sem que antes sejam limpos e
deixados sob o sol.
Durante esse tempo que ficaram guardados, transformaram-se em verdadeiras
culturas desses pequeninos artrópodes, conhecidos com o nome
ácaros.
O cigarro, também, deve ser evitado em casa e nos ambientes
fechados em geral.
Uma das
alternativas, talvez a mais indicada, para neutralizar a ação
dos ácaros, é o tratamento com extratos alergênicos
para qualquer doença respiratória de origem alérgica
que o paciente possa apresentar.
O mecanismo
é simples. Em uma cultura específica faz-se a extração
do ácaro. Depois de esterelizado e diluído são
feitos testes cutâneos com o possível indivíduo
alérgico.
Caso comprovada a alergia, o tratamento é feito, no início,
com baixas doses do medicamento, progressivamente elevadas de acordo
com a necessidade de cada paciente.
O tratamento
tem duração de alguns meses e apresenta bons resultados.
Para pacientes com rinite alérgica, 95% livram-se desse incômodo.
E em crianças asmáticas o tratamento é eficaz
em 80% dos casos. Nos adultos, esse índice cai para 60%.
Uma boa
notícia para quem é alérgico. O tratamento
à base desses extratos alergênicos, quando bem feito,
não apresenta qualquer efeito colateral, diz João
Ferreira de Melo, 70, diretor do Departamento de Alergia e Imunologia
do Hospital do Servidor público de São Paulo.
O custo
pode chegar a R$ 100 por mês, porém esse valor varia
de acordo com o extrato utilizado e a dose aplicada.
Postos
de saúde não oferecem o tratamento gratuitamente,
e muito menos os seguros de saúde, por considerarem essas
"vacinas", medicamentos.
Leia mais: Higiene e ventilação
minimizam contato com os ácaros
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