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Quando trabalhar destrói sua saúde

RODRIGO DIONISIO
da Folha Online

Juca Varella - 21.nov.99/Folha Imagem

Francisca das Neves Pereira trabalhou na linha de montagem de toca-fitas de uma empresa de automóveis. Em poucos meses, no ano de 87, começou a ter dores nos braços. "Eu tratava como pulso aberto. Tomava analgésico e continuava o trabalho." Como as dores foram piorando, iniciou uma peregrinação por hospitais e prontos-socorros, mas ninguém conseguia ajudá-la, não havia diagnóstico. "A doença da LER ainda não era reconhecida, cheguei até a achar que tinha câncer, pensei até em me matar e sofri muita discriminação pelo grupo e pelos chefes." Leia mais
Você sente dor ou desconforto com frequência enquanto trabalha? Se a resposta for afirmativa, é um mau sinal. Esse pode ser o começo de uma doença que chega a culminar em atrofia, perda de movimentos e, em casos extremos, paraplegia.

As chamadas LER (lesões por esforço repetitivo) e Dort (distúrbios oesteomusculares relacionados ao trabalho) são definições genéricas para uma série de doenças (clique aqui para conhecer as mais comuns) ligadas à condições inadequadas de trabalho. Entenda-se essas condições adversas como inadequação do local de trabalho, excesso de horas trabalhadas e estresse constante, que juntos ou em separado vão minando a resistência do organismo.

Como a maioria das pessoas acha normal um certo desconforto ligado ao trabalho e se obriga (ou é obrigada) a isso, para conseguir melhor desempenho e visibilidade profissional, a maior parte dos casos de LER/Dort só são diagnosticados em estágios avançados, quando o funcionário tem de ser afastado de suas funções e quando já não há mais cura para a doença.

Sim, não há cura para problemas de LER/Dort. Estudos mostram que, um profissional acometido pela doença, se for submetido às mesmas condições que causaram o problema, mesmo após sua recuperação, desenvolverá os mesmos sintomas em um período inferior ao do surgimento das primeiras dores ou desconforto. Sendo assim, o melhor no caso desse tipo de doença é prevenir.

Postura adequada para trabalhar, respeito aos horários de descanso, uso de equipamentos ergonômicos e a consciência de que você precisa estar bem com sua saúde para continuar trabalhando são um bom começo. Entretanto, a solução passa pela mesa do patrão, responsável por criar um ambiente de trabalho seguro e ideal para a saúde dos funcionários.

LER/Dort são epidemias

Hoje, no Brasil, as LER/Dort são as segundas maiores responsáveis pelo afastamento de empregados das suas funções, e especialistas já dão ao problema o caráter de epidemia. Para cada funcionário retirado do posto de trabalho, as empresas gastam anualmente o equivalente a R$ 89 mil (com despesas médicas e a reposição da mão-de-obra).

Os casos da doença também podem render processos contra os empregadores, e indenizações pesadas (clique aqui para saber mais).

Pensando nessas questões, a partir do final do ano o Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort, em parceria com o Ministério da Saúde, irá aplicar um questionário em empresas de setores variados para conseguir dados oficiais sobre o desenvolvimento da doença e as condições de trabalho causadoras do problema (em maior frequência).

Os empregados poderão responder anonimamente às perguntas e as questões foram planejadas de maneira simples, para atingir de operários a executivos com facilidade e clareza, já que há riscos em todas as áreas profissionais. LER/Dort são doenças do ambiente de trabalho e não das pessoas, afirmam os especialistas.


Fontes: Entrevista com o dr. Paulo Kaufmann, médico do trabalho, Mestre em Sociologia do Trabalho pela USP, diretor do Instituto Síntese e membro da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do Conselho Regional de Medicina (de 1993 a 1996), tel. 0/xx/11/3337-6340; entrevista com a presidente do Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort, Maria José O´Neill; e sites de referência (clique aqui para saber mais)


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