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HISTÓRIA


Uruguai - 1930

Contestórico

Lance do ataque brasileiro durante a derrota por 2 a 1 parIugoslá
Desde a criação da Fifa, em 1904, havia o desejo de se realizar um Mundial de futebol. Devido a diversos problemas, entre eles a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), a idéia só saiu do papel em 1930.

Ainda assim, a maior parte dos países europeus ainda sofria com a crise econômica consequente da guerra, agravada pela quebra da Bolsa de Nova York, no ano anterior.

Apenas quatro países do Velho Continente dispuseram-se a enfrentar as quase duas semanas de viagem de navio até o Uruguai _França, Bélgica, Romênia e Iugoslávia. O país-sede, então bicampeão olímpico (Paris-1924 e Amsterdã-1928), completava em 1930 o ano de seu centenário de independência.

No Brasil, a crise da produção de café levou à Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha e iniciou a ditadura de Getúlio Vargas, que ficaria 15 anos no poder.

A Copa

Sem algumas das principais forças do futebol da época, como Itália, Alemanha e Espanha, a “Celeste Olímpica”, como ficou conhecida a seleção uruguaia após as conquistas nos Jogos de Paris-1924 e Amsterdã-1928, confirmou sua supremacia.

Dos quatro times europeus que foram a Montevidéu, apenas a Iugoslávia trouxe uma equipe forte. Com o caminho livre, o Uruguai fez uma campanha impecável. Em quatro jogos, foram quatro vitórias, com 17 gols pró e apenas três contra. Nas semifinais, fez 6 a 1 sobre os Estados Unidos.

A final foi contra a Argentina, reeditando a decisão de Amsterdã-28, vencida pelos uruguaios. Depois de sair na frente no marcador, o time da casa permitiu a virada dos argentinos e terminou o primeiro tempo perdendo por 2 a 1. Na segunda etapa, voltou a dominar a partida e fizeram 4 a 2, diante dos cerca de 90 mil torcedores que lotavam o recém-construído estádio Centenário.

Apesar da derrota, os argentinos terminaram com o artilheiro da competição, Guillermo Stábile, com oito gols. O Mundial teve 70 gols em 18 partidas (3,9 gols/jogo). A média de público atingiu 24.239 pessoas por partida.
 
Classificação
 Uruguai
 Argentina
 EUA
4o Iugoslávia

Artilheiros
Stábile
Atacante
Argentina
Cea
Atacante
Uruguai
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O Brasil

A seleção brasileira foi prejudicada em seu primeiro Mundial por uma briga interna que deixou os jogadores paulistas de fora do time. Associação Paulista de Esportes Atléticos exigiu da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) um integrante na comissão técnica.

Diante da recusa, negou-se a ceder seus jogadores, impedindo de disputar a Copa o lendário jogador Friedenreich. O único paulista a jogar o torneio foi Araken Patuska, que estava sem clube. Com uma derrota por 2 a 1 para a Iugoslávia e uma vitória por 4 a 0 sobre a Bolívia, o Brasil foi eliminado logo na primeira fase.

Sistema de disputa

Com apenas 13 participantes, a primeira Copa do Mundo não precisou de eliminatórias. O francês Jules Rimet, idealizador do Mundial, e o húngaro Maurice Fischer criaram o sistema de disputa, que dividiu as seleções em três grupos de três e um de quatro. As equipes jogaram entre si dentro dos grupos, classificando-se as primeiras colocadas para as semifinais, disputadas em jogo único. Não houve disputa de terceira colocação.

Destaque

Guillermo Stábile chegou à Copa-1930 como reserva da seleção argentina. Acabou ganhando a posição de Roberto Cherro e transformado-se no maior destaque da competição. Marcou gols em todos os quatro jogos que disputou e foi o artilheiro do torneio, com oito. Depois do Mundial, transferiu-se do Huracán, da Argentina, para o futebol italiano, onde atuou pelo Genova e pelo Napoli. Jogou ainda no Red Star, da França, antes de iniciar carreira de técnico. Foi tricampeão argentino em 1949, 50 e 51 com o Racing. Comandou também a seleção argentina pelo tempo recorde de 18 anos, de 1940 a 58.

Fracasso

As seleções européias, que já haviam perdido a hegemonia nas Olimpíadas de Paris-1924 e Amsterdã-1928, fizeram papel de coadjuvantes na Copa do Uruguai. Apesar de seus esforços, Jules Rimet conseguiu trazer apenas quatro times da Europa _França, Bélgica, Romênia e Iugoslávia. Devido ao fraco desempenho, até hoje desconfia-se que nenhum deles veio com sua força total. Apenas a Iugoslávia tinha um time razoável. Ainda assim, foi goleada nas semifinais pelos uruguaios por 6 a 1. A França, time do qual mais se esperava, foi eliminada na primeira fase com uma vitória sobre o México (4 a 1) e derrotas para Argentina (1 a 0) e Chile (1 a 0).

Curiosidades

Longe da estrutura profissional que reina no futebol de hoje, o torneio uruguaio viu jogos que não começavam no horário e gramados constantemente invadidos _inclusive determinando o fim de algumas partidas. Os jogadores, ainda sem números nas camisas, chegavam a deixar o campo por alguns minutos para descansar, sem que o árbitro tomasse conhecimento.
Uruguaios e argentinos criaram polêmica a respeito da bola a ser utilizada na final. Cada um queria jogar com a bola fabricada em seu país. A solução dos organizadores foi jogar cada tempo da final com uma bola diferente. No primeiro, com a bola argentina, mais leve, os argentinos fizeram 2 a 1. No segundo, com a bola uruguaia, virada dos donos da casa: 4 a 2.
O atacante uruguaio Castro, autor de dois gols no Mundial, não tinha a mão direita, e escondia isso dos fotógrafos. Seu apelido: “Manco”.
O estádio Centenário, orgulho do uruguaios, não foi palco do primeiro jogo de Copas do Mundo porque não ficou pronto a tempo. A partida inaugural do torneio foi realizada no estádio de Pocitos, entre França e México.
O primeiro gol da história das Copas foi marcado pelo francês Lucien Laurent, na vitória da França por 4 a 1 sobre o México.
O juiz brasileiro Almeida Rego apitou um dos jogos mais emocionantes da Copa, entre Argentina e França, vencido pelos argentinos por 1 a 0. Para surpresa geral, Rego apitou o fim do jogo seis minutos antes do final. Após invasão de campo e muita reclamação, o juiz foi convencido de seu erro pelo bandeirinha e mandou reiniciar a partida. Alguns jogadores tiveram que interromper seu banho no vestiário.
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