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HISTÓRIA


México - 1970

Contexto histórico

Pelé soca o ar em sua típica comemoração após fazer um dos gols na vitória da seleção brasileira por 2 a 1 sobre o time da Tchecoslováquia

Contra a vontade da maior parte dos países europeus, o México foi escolhido, em 1964, para ser sede da Copa-1970. O único concorrente era a Argentina, e os mexicanos foram escolhidos por terem na ocasião uma economia mais estável, com uma moeda mais forte, e porque já haviam sido escolhidos para abrigar os Jogos Olímpicos-1968.

No Brasil, a ditadura militar passava por seu período mais severo e repressor. Houve inclusive suspeita de que o general Emílio Garrastazu Médici, presidente da república, tivesse imposto a Zagallo a convocação do atacante Dario para o Mundial.

A Copa

A Copa do México-1970 marcou a volta do bom futebol, em contraposição à violência e ao futebol pragmático do Mundial-1966. O Brasil, apesar de um pouco desacreditado pelo povo e pela imprensa antes da competição, montou seu melhor time da história e consagrou definitivamente Pelé e sua geração.

Na primeira fase, todos os campeões mundiais _Uruguai, Itália, Alemanha Ocidental, Brasil e Inglaterra_ se classificaram, tornando ainda mais atrativas as finais. Nas quartas-de-final Brasil, Uruguai e Itália passaram por Peru, URSS e México. Os ingleses, campeões de 1966, caíram na revanche contra os alemães. Depois de abrirem 2 a 0, perderam por 3 a 2.

Nas semifinais, dois jogos memoráveis. O Brasil venceu o Uruguai por 3 a 1 em jogo em que Pelé não marcou gol, mas teve atuação notável, com jogadas como o famoso “drible da vaca” no goleiro Mazurkiewicz e a bola que "rebateu" na reposição do goleiro. Itália e Alemanha fizeram um dos melhores jogos de todas as Copas na outra semifinal. Depois de um empate em um gol no tempo normal, foram marcados cinco gols na prorrogação. Os italianos garantiram o direito de ir à final com um 4 a 3.

A decisão garantiria a seu vencedor a posse definitiva da Taça Jules Rimet, já que Brasil e Itália tinham dois títulos cada. Em um jogo de extraordinário nível técnico, O Brasil venceu por 4 a 1, com gols de Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto. A torcida mexicana, que desde o início do torneio havia “adotado” o Brasil, invadiu o campo para comemorar e arrancou o uniforme de diversos jogadores.
 
Classificação
 Brasil
 Itália
 Alemanha Oc.
4o Uruguai

Artilheiros
Gerd Müller
Atacante
Alemanha
Jairzinho
Atacante
Brasil
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O Brasil

Apesar da desastrosa campanha para a Copa-1966, a CBD não mostrou profissionalismo muito maior para o Mundial seguinte. O técnico Aimoré Moreira, que iniciara o trabalho de renovação da seleção, foi dispensado em 1969, ano das eliminatórias. O jornalista João Saldanha assumiu a equipe e classificou o time.

Logo em seguida, no entanto, também foi dispensado, em episódio mal explicado. Saldanha, de temperamento explosivo, teve problemas de relacionamento com a CBD e até mesmo com o governo militar, devido a suas declarações polêmicas. Seu substituto foi Zagallo, que manteve a base da equipe, mas convocou o atacante Dario, por exemplo, que era uma exigência do presidente Emílio Garrastazu Médici.

Apesar do descrédito gerado com a pífia campanha na Copa anterior, os jogadores se uniram e formaram o melhor time brasileiro de todos os tempos (Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Pelé; Tostão, Rivelino e Jairzinho). A campanha teve seis vitórias em seis jogos, com 19 gols pró e sete contra.

Sistema de disputa

Os 16 times classificados foram distribuídos em quatro grupos de quatro, com todos jogando contra todos dentro do grupo. Os dois primeiros se classificaram para as quartas-de-final, a partir das quais foram disputadas eliminatórias simples.

Destaque

O alemão Gerd Müller, com apenas 1,65 m de altura, foi artilheiro da Copa-1970 com dez gols. A exemplo do brasileiro Jairzinho, marcou gols em todos os jogos. Com os quatro gols que faria na Copa seguinte, Müller passaria a ser o jogador que mais marcou gols na história das Copas. Nas semifinais, contra a Itália, Müller marcou duas vezes na prorrogação, mas não pôde evitar a derrota de seu time por 4 a 3, em jogo épico. No time brasileiro, formado por grandes estrelas, o destaque maior foi Pelé, que no auge de sua forma comandou a equipe e encantou os mexicanos. Apesar de ter marcado apenas quatro gols, Pelé fez jogadas geniais e decisivas para a conquista do tricampeonato, tanto que mereceu uma placa no estádio Jalisco, em Gadalajara, com a inscrição “um exemplo para a juventude do mundo”.

Curiosidades

Toda a linha de frente titular do Brasil jogava com a camisa 10 em seus clubes: Jairzinho (Botafogo), Gérson (São Paulo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Rivelino (Corinthians). Quando chegou a hora da inscrição do time para a Copa, ninguém questionou a primazia de Pelé.
Na semifinal Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental, o famoso duelo de 1 a 1 nos 90 minutos e cinco gols na prorrogação, Franz Beckenbauer terminou a partida jogando como braço direito atado ao peito. O time já havia efetuado as duas substituições quando o alemão se machucou.
Nas eliminatórias, o técnico brasileiro João Saldanha soltou diversas “pérolas”. Quando Médici disse que gostaria de ver Dario na seleção, disse: “eu não peço para escalar o ministério do presidente”. Em um jogo em Porto Alegre, foi questionado sobre o que achava do gramado do Beira-Rio. “Não sei, nunca comi grama” foi a resposta. Quando o presidente da CBD, João Havelange, anunciou a dissolução da comissão técnico, retrucou: “não sou sorvete para ser dissolvido”.
Após marcar o gol de empate na vitória do Brasil por 4 a 1 sobre a Tchecoslováquia, na estréia, em violenta cobrança de falta, o atacante Rivelino ganhou dos mexicanos o apelido de Patada Atômica.
O Peru, grande zebra da Copa-1970, que tirou os argentinos nas eliminatórias e chegou às quartas-de-final, quando perdeu para o Brasil, era treinado pelo ex-jogador e ídolo brasileiro Didi.
Na estréia, contra a Tchecoslováquia, Pelé percebeu o goleiro Viktor adiantado e chutou do meio-campo. O goleiro correu, mas não alcançou. Para sua sorte, a bola foi para fora. “Ele tentou o gol mais bonito que eu já vi. Digo, que eu não vi”, disse o locutor mexicano Pedro Carbajal.
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