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HISTÓRIA


Alemanha Ocidental - 1974

Contexto histórico

O capitão alemão Beckenbauer (à esq.) levanta a taça de campeão, ao lado de outros jogadores de sua seleção, após a final com a Holanda

Depois de conquistar avanços na política internacional, em que aproximou os EUA da China e da Europa, limitou a corrida armamentista com a URSS e tirou as tropas americanas, derrotadas, do Vietnã, o presidente Richard Nixon renuncia ao governo americano, devido a denúncias de corrupção e de abuso de poder.

A Copa sente os efeitos da disputa da Guerra Fria com o boicote da URSS, que desiste de enfrentar o Chile nas eliminatórias depois que um golpe militar no país sul-americano, no ano anterior, depôs e matou o presidente socialista Salvador Allende, levando ao poder o general Augusto Pinochet.

A Copa

Assim como em 1954, os alemães levaram o título vencendo na final o melhor time da Copa. Se no México-1970 foi apresentado altíssimo nível técnico, na Alemanha Ocidental os destaques foram escassos.

A Holanda, do técnico Rinus Michels, apresentou ao mundo um novo conceito de futebol. Com um time com meias e atacantes em constante rotação (precursor do 3-5-2), liderado pelo craque Johann Cruyff, o “carrossel holandês” atropelou adversários, incluindo o Brasil, até chegar à final.

O esquema tático foi comparado ao da Hungria, derrotada pela Alemanha na final de 1954, mas com melhoras. Mesmo após as significativas vitórias sobre Argentina (4 a 0), Brasil (2 a 0) e Alemanha Oriental (2 a 0) na segunda fase do torneio, a “laranja mecânica”, como também ficou conhecido o time holandês, devido à cor de seu uniforme e ao filme famoso de Stanley Kubrick, não resistiu aos donos da casa na final.

A equipe da Alemanha Ocidental, que contava com craques como o goleiro Maier, Beckenbauer, Overath e Müller, soube virar o jogo, depois de sair perdendo por 1 a 0, e fazer 2 a 1. Além de Alemanha e Holanda, o único time que apresentou bom futebol na Copa foi a Polônia, terceira colocada.
 
Classificação
 Alemanha Oc.
 Holanda
 Polônia
4o Brasil

Artilheiros
Lato
Atacante
Polônia
Neeskens
Meia
Holanda
Szarmarch
Atacante
Polônia
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O Brasil

Sem poder contar com a maior parte dos jogadores campeões do mundo no México, inclusive Pelé, que apesar de estar em atividade abdicou de disputar seu quinto Mundial, o técnico Zagallo armou uma equipe demasiadamente cautelosa para a Copa da Alemanha.

Mesmo jogando pouca bola, a equipe brasileira, que possuía bons valores individuais, entre eles Leão, Rivelino, Jairzinho, Dirceu e Luís Pereira, esteve perto de chegar à final. Na primeira fase, após empates sem gols contra Iugoslávia e Escócia, o Brasil precisava vencer o Zaire por três gols para se classificar. Fez 3 a 0 e passou raspando.

Com alterações na equipe titular (Zé Maria na lateral direita em lugar de Nelinho, Carpegiani no lugar de Piazza no meio e Valdomiro e Dirceu em lugar de Leivinha e Mirandinha no ataque), a seleção conseguiu vencer a Alemanha Oriental (1 a 0) e a Argentina (2 a 1) na segunda fase.

Precisava ganhar da Holanda, que também havia vencido seus dois jogos, para ir à final. Após fazer um bom início de jogo, o time de Zagallo, que havia menosprezado os holandeses, foi envolvido pelo esquema inovador de Rinus Michels e acabou perdendo por 2 a 0. Na decisão do terceiro lugar, perdeu também para a Polônia: 1 a 0.

Sistema de disputa

No Mundial alemão, o tradicional sistema de disputa que reinava desde 1958 foi mudado. Na primeira fase, os 16 times foram divididos em quatro grupos de quatro. Os dois primeiros se classificaram, e foram montados dois novos grupos, com quatro times. Os primeiros colocados fizeram a final, e os segundos, a disputa de terceiro e quarto.

Destaque

Dois jogadores se consagraram no Mundial alemão. No time campeão do mundo, o meia defensivo Franz Beckenbauer foi o grande líder. Apesar de não ter marcado nenhum gol na Copa, o veterano das copas de 1966 e 1970 fez um Mundial perfeito taticamente. Com estilo elegante e habilidoso, o "Kaiser" (imperador, em alemão) passou depois a atuar como líbero, revolucionando a posição. Pelo lado holandês, o grande destaque foi o meia Johann Cruyff. O jogador, considerado por muitos o melhor europeu de todos os tempos, mostrou técnica e intuição excepcionais. Encarnando o símbolo do futebol moderno, movimentava-se por várias partes do campo. “Ele enxergava a jogada que ninguém era capaz de prever”, disse Paul Breitner, autor do primeiro gol alemão na final.

Fracasso

Mais uma vez, a seleção italiana, então vice-campeã, detentora dos títulos de 1934 e 1938, que conquistaria o tri na Espanha, em 1982, fez feio. O time não conseguiu passar sequer da primeira fase. Só houve vitória contra a modesta seleção do Haiti (3 a 1). Nos outros jogos, os italianos empataram por 1 a 1 com a Argentina e perderam por 2 a 1 para a Polônia. A Argentina também sofreu na Copa da Alemanha. Depois de se classificarem na primeira fase pelo saldo de gols (também perdeu para a Polônia e ganhou do Haiti), os argentinos foram goleados pela Holanda (4 a 0), perderam para o Brasil (2 a 0) e conseguiram apenas um empate contra a Alemanha Oriental (1 a 1), sendo eliminados.

Curiosidades

Com a taça Jules Rimet em poder definitivo do Brasil, a Fifa promoveu um concurso para criar a nova taça. O trabalho do italiano Silvio Gazzaniga foi o escolhido. A taça, batizada apenas de Copa do Mundo Fifa, tem 37 centímetros de altura, 13 de diâmetro, é feita de ouro maciço e fica com o país campeão apenas por quatro anos. Depois disso, o país recebe uma réplica, menor. Não haverá posse definitiva.
O único encontro entre a Taça Jules Rimet e a Copa do Mundo Fifa ocorreu na cerimônia de abertura da Copa-1974, com Pelé carregando a primeira, e o alemão Uwe Seller segurando a segunda.
Além do uniforme diferente (laranja), a Holanda inovou na numeração na Copa-1974. O goleiro, Jongbloed, usava a camisa número 8. Cruyff só jogava com a camisa 14. Isso, aliado à movimentação, dificultava a marcação dos adversários.
A Copa-1974 foi a primeira com a Fifa sob o comando do brasileiro João Havelange, eleito em junho desse ano.
A Fifa resolveu inovar e abandonou a fórmula tradicional de semifinais com quatro times. Dessa vez, das quartas-de-final, com dois grupos de quatro, já sairiam os finalistas. O esquema foi mantido para a Copa de 78.
A partir do Mundial de 74, o jogo de abertura passou a contar sempre com o então campeão. O Brasil inaugurou a regra empatando em 0 a 0 com a Escócia.
Com uma onda de atos terroristas em toda a Europa e depois da experiência do sequestro de israelenses na Olimpíada de Munique-1972, a segurança foi reforçada durante a Copa. As concentrações pareciam instalações militares, cercadas por soldados. No fim da Copa, muitos jogadores trocaram chuteiras e camisas por quepes, cantis e até balas de soldados.
Principal atração da Copa, os jogadores holandeses surpreenderam fãs que ficavam na porta da concentração. Começara a cobrar para dar autógrafos. O caso repercutiu mal na imprensa e os jogadores passaram a evitar a torcida até a final.
A conquista da Copa rendeu a cada jogador alemão o prêmio de US$ 50 mil. Detalhe: o prêmio pago pela Holanda aos vice-campeões foi de US$ 100 mil.
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