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HISTÓRIA


Argentina - 1978

Contexto histórico

O atacante Mario Kempes passa por zagueiro peruano na vitória argentina por 6 a 0, que tirou a seleção brasileira da Copa-1978

Assim como aconteceu na Itália, em 1934, quando Benito Mussolini transformou a Copa em meio de propaganda de seu regime fascista, o Mundial argentino serviu para encobrir arbitrariedades da ditadura militar, instaurada no país dois anos antes.

O então presidente, general Jorge Rafael Videla, que participou da junta que derrubou do poder María Estela “Isabelita” Perón, viu na competição uma oportunidade de acalmar os ânimos da população e fortalecer seu governo.

A ditadura chegou inclusive a derrubar o presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), Davis Bracutto, e arranjar a eleição de Alfredo Cantillo. Mesmo com a pressão internacional para que a Copa não fosse realizada na Argentina, João Havelange, presidente da Fifa, confirmou o torneio.

A Copa

A conquista do Mundial pela Argentina, em casa, em 1978, foi uma das mais sem brilho da história. Apesar de possuir um bom time, o título argentino ficou manchado por suspeitas de suborno, violência, complacência das arbitragens e uma fraca campanha. Logo na estréia, a Argentina foi derrotada pela Itália, por 2 a 1.

Para conquistar a classificação na primeira fase, contou com vitórias sobre Hungria e França, ambas por 2 a 1, em que os juízes foram bastante contestados por permitirem a violência dos donos da casa e deixarem de apitar pênaltis. O time passou em segundo lugar e caiu no grupo de Brasil, Peru e Polônia na segunda fase.

O Brasil ganhou do Peru (3 a 0), empatou sem gols em jogo de muita violência contra a Argentina, que ficou conhecido como “Batalha de Rosário”, e fez 3 a 1 na Polônia. Aí, veio a grande “marmelada” da competição.

Como havia vencido a Polônia por 2 a 0, a Argentina precisava de uma vitória por pelo menos quatro gols diante do Peru para ficar à frente do Brasil e ir à final. O goleiro do time peruano era o argentino naturalizado Quiroga. Resultado: Argentina 6 a 0.

Na final, a equipe do técnico César Menotti enfrentou a Holanda, finalista também em 1974, mas que já não era mais o “carrossel holandês” e sofria com a ausência de Cruyff. Os argentinos jogaram melhor e, após empate por 1 a 1, venceram por 3 a 1 na prorrogação.
 
Classificação
 Argentina
 Holanda
 Brasil
4o Itália

Artilheiros
Mario Kempes
Atacante
Argentina
Cubillas
Atacante
Peru
Rensenbrink
Atacante
Holanda
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O Brasil

Como é de costume na preparação da seleção, o técnico foi trocado durante as eliminatórias. Após o primeiro jogo, saiu Osvaldo Brandão e assumiu Cláudio Coutinho. O novo treinador trouxe conceitos “modernos” para o futebol brasileiro, com palavras rebuscadas como “overlapping”, que significa a passagem do lateral pelo ponta.

Coutinho sofreu críticas por ter deixado no Brasil o jovem meia Falcão e levado em seu lugar o limitado Chicão. Além disso, montou uma equipe que distinguia-se mais pela defesa do que pela ofensividade. O esquema, no entanto, funcionou na Copa. Na primeira fase, dois empates (1 a 1 com a Suécia e 0 a 0 com a Espanha) e uma vitória por 1 a 0 sobre a Áustria. A defesa, principalmente com a dupla de zaga Amaral-Oscar, era bastante eficaz. Faltava acertar o ataque.

Por pressão do presidente da CBD, almirante Heleno Nunes, Coutinho passou a usar Roberto Dinamite no lugar de Reinaldo e Mendonça revezando com Zico. O time embalou e fez 3 a 0 no Peru, 3 a 1 na Polônia e ainda conseguiu um empate com a Argentina. Perdeu a vaga na final no saldo de gols.

Na disputa de terceiro lugar, venceu a Itália por 2 a 1, com um gol antológico de Nelinho, numa bola que fez curva e enganou o goleiro Dino Zoff. Único time invicto na Copa-1978, o Brasil se autoproclamou, por meio de Coutinho, “campeão moral”.

Sistema de disputa

Assim como em 1974, os 16 times foram divididos em quatro grupos de quatro. Os dois primeiros de cada grupo se classificaram, e novamente foram agrupados em chaves de quatro. Os primeiros colocados fizeram a final, e os segundos, a disputa de terceiro e quarto.

Destaque

O atacante argentino Mário Kempes tronou-se o mais novo atleta a ser o artilheiro de uma Copa do Mundo ao marcar seis gols na campanha do título de sua seleção, com apenas 23 anos. Na final, contra a Holanda, Kempes abriu o placar e voltou a marcar na prorrogação, durante a vitória da Argentina sobre a Holanda por 3 a 1. O atacante foi vendido muito jovem, aos 21 anos, pelo Rosario ao Valencia da Espanha, onde foi artilheiro várias vezes. Voltou à Argentina para jogar no River Plate. No auge da carreira, em 1982, no entanto, não teve tanto sucesso.

Fracasso

Com um dos melhores times de sua história, o Peru protagonizou na Argentina uma das maiores vergonhas da história das Copas. Na primeira fase, o time, que tinha seu astro, Teofilo Cubillas, vice-artilheiro da competição com 5 gols, em sua melhor forma, ficou invicto. Venceu a Escócia por 3 a 1, conquistou um honroso empate sem gols com a fortíssima Holanda e goleou o Irã por 4 a 1. Chegou à segunda fase credenciado pelo primeiro lugar no grupo, com sete gols marcados, e só dois contra. Na segunda fase, no entanto, perdeu para os três adversários. Primeiro foi o Brasil (3 a 0) e, em seguida, a Polônia (1 a 0). O vexame maior veio contra a Argentina. Com os donos da casa precisando vencer por quatro gols de diferença, os peruanos relaxaram e sofreram 6 a 0. O episódio levantou fortes suspeitas de suborno. O goleiro do time peruano era o argentino naturalizado Quiroga. “Caímos de pé”, declarou Quiroga após a partida.

Curiosidades

Apenas quatro jogadores disputaram todos os jogos inteiros pelo Brasil: Leão, Oscar, Amaral e Batista. No total, 17 jogadores foram utilizados nas sete partidas.
No jogo final, quando a partida estava empatada por 1 a 1, o holandês Rensenbrink acerto a trave direita de Fillol no último minuto do tempo regulamentar. Um torcedor argentino teve um infarto nas arquibancadas, mas foi socorrido e recuperou-se para comemorar a vitória por 3 a 1, na prorrogação.
No jogo contra a Espanha, o técnico brasileiro, Cláudio Coutinho, colocou Jorge Mendonça para se aquecer no início do segundo tempo. O jogador só entrou aos 38min.
Na estréia da seleção brasileira, ocorreu um fato inusitado. O juiz Clive Thomas, do País de Gales, anulou um gol de cabeça de Zico, após cobrança de escanteio. O juiz alegou ter apitado fim de jogo quando a bola estava no ar. O jogo terminou empatado.
A seleção brasileira foi o time que mais teve que se deslocar na Copa da Argentina. Viajou, no total, 4.659 km. A Argentina teve que viajar apenas 608 km durante o torneio.
Por causa do regime autoritário existente na época na Argentina, muitos países ameaçaram não viajar para o Mundial. O boicote acabou fracassando, e todos os classificados compareceram.
Disputado no inverno argentino, o Mundial de 78 teve como característica o frio durante as partidas. Os jogadores disputaram toda a Copa com camisas de mangas compridas.
A principal característica da fanática torcida argentina era o papel picado jogado das arquibancadas. Nos jogos do time da casa, o gramado ficava cheio de pedaços de papel branco.
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