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HISTÓRIA


França - 1998

Contexto histórico

O francês Zidane (centro) é abraçado por Karembeu e Petit após marcar um de seus dois gols na vitória por 3 a 0 na final contra o Brasil

Depois de 60 anos, a França voltou a abrigar um Mundial de futebol, com o ex-jogador e maior craque da história do país, Michel Platini, à frente da promoção e organização do torneio.

A realidade mundial fez da Copa-1998, no entanto, um evento totalmente diferente da Copa-1938. Na era da globalização (econômica, política e cultural), com 32 equipes na fase final pela primeira vez da história, o segundo Mundial francês teve caráter muito mais "mundial" de fato do que havia acontecido seis décadas antes.

A Copa

Idealizado pelo francês Jules Rimet, o Mundial de futebol teria que esperar 68 anos para ver a França campeã. Quatro grandes oportunidades já haviam sido desperdiçadas. Em 1938, quando o país abrigou o Mundial pela primeira vez, na Suécia-1958, quando o time do artilheiro Fontaine foi eliminado pelo Brasil nas semifinais, e nas Copas de 1982 e 1986, quando a geração de Platini, Giresse e Tiganá parou duas vezes seguidas nas semifinais diante da Alemanha.

A espera resultou em uma conquista em grande estilo. A França foi campeã mundial com uma grande campanha. Para isso recorreu a suas ex-colônias. Treze dos 22 jogadores que compunham o elenco eram de origem estrangeira recente. E mais: formou um time com jogadores provenientes de quatro continentes diferentes. O próprio Zidane, astro da equipe, é filho de argelinos.

Com esse expediente, pela primeira vez o time vencedor teve o melhor ataque (15 gols) e a melhor defesa (apenas 2 gols sofridos) do torneio. Na final, bateu o Brasil por incontestáveis 3 a 0 _a maior derrota brasileira em Copas_, com dois gols de Zidane e um de Petit.

A equipe brasileira, que havia feito boa campanha, apesar de uma derrota para a Noruega na primeira fase, foi irreconhecível em campo. Um episódio até hoje não explicado envolvendo o atacante Ronaldo, que passou mal antes da partida (teria tido convulsões), afetou claramente o desempenho da equipe.

Em comparação com o Mundial anterior, a Copa da França marcou a volta do bom nível técnico das equipes. Um grande destaque foi a Croácia, estreante, que chegou às semifinais, passando pela Alemanha, e terminou em terceiro lugar.
 
Classificação
 França
 Brasil
 Croácia
4o Holanda

Artilheiros
Davor Suker
Atacante
Croácia
Batistuta
Atacante
Argentina
Vieri
Atacante
Itália
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O Brasil

Zagallo teve, para a Copa-1998, um dos maiores períodos que um treinador já teve para montar um time. Assumiu a equipe logo após a saída de Parreira, depois do título de 1994. Mesmo assim, não foi capaz de definir uma base até a estréia da seleção na França.

No dia do anúncio da lista final para a Copa, incluiu o meia Giovanni, que estava fora da seleção havia um ano. Fez do jogador titular na estréia contra a Suécia. Substituiu-o por Leonardo no jogo e não o usou mais.

Já na concentração, na França, cortou Romário do time por causa de uma contusão. Segundo os médicos da seleção, a recuperação do jogador levaria cerca de 30 dias. No dia do segundo jogo do Brasil na Copa, contra o Marrocos, Romário já estava à disposição do Flamengo, no Rio.

Com um quarteto ofensivo formado por Leonardo, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo, o Brasil passou com facilidade pela primeira fase e pelo Chile, nas oitavas-de-final. Venceu jogos difíceis contra Dinamarca (3 a 2) e Holanda (1 a 1 e 4 a 3 nos pênaltis) nas quartas e semifinais.

A maior deficiência brasileira estava na defesa. Foram dez gols sofridos em sete jogos, desempenho melhor somente que o da seleção de 1938, que levou 11.

Na final, um episódio nefasto prejudicou o time. O atacante Ronaldo, então com 21 anos, passou mal (terioa tido convulsões) horas antes da partida. O caso provocou discussões e racha entre jogadores e comissão técnica sobre sua escalação, além de aniquilar o bom clima.

Depois de anunciar Edmundo, Zagallo mandou a campo Ronaldo, que teve atuação muito abaixo de seu rendimento médio. O caso levantou até suspeitas de ingerência da fornecedora de materiais esportivos Nike na seleção.

Sistema de disputa

As 32 equipes classificadas foram divididas em oito grupos de quatro times cada. Apenas os dois primeiros colocados de cada chave se classificaram. A partir das oitavas-de-final, foram disputadas eliminatórias simples. Pela primeira vez, as prorrogações tiveram a morte súbita (a partida acaba quando um time marca um gol).

Destaque

Liderada pelo atacante Davor Suker, a Croácia teve na França o melhor desempenho de um time estreante em Copas desde 1966, quando o time de Portugal, com Eusébio, ficou no terceiro lugar. Suker marcou gols em todos os jogos do time na competição, com exceção da derrota para a Argentina por 1 a 0, ainda na primeira fase, e foi o artilheiro isolado da competição, com seis gols. Nas semifinais, o time passou pela Romênia, de Hagi, por 1 a 0. A surpresa maior viria nas quartas. Com gols de Jarni, Vlovic e Suker, o time croata fez 3 a 0 na toda-poderosa Alemanha. Nas semifinais, contra os donos da casa, Suker colocou a sensação da Copa à frente. Mas, jogando melhor, a França virou, com dois de Thuram. Na disputa do terceiro lugar, a Croácia ainda superaria a Holanda, por 2 a 1.

Fracasso

A equipe espanhola chegou à Copa da França como favorita. Havia cumprido grande campanha nas eliminatórias e até Pelé havia colocado o time como um dos principais candidatos ao título. No elenco, jogadores como o goleiro Zubizarreta, os zagueiros Nadal e Hierro, o meia Luis Enrique e os atacante Raúl e Morientes. Logo na estréia, no entanto, a “Fúria Espanhola” perdeu de virada, por 3 a 2, para a Nigéria. No jogo seguinte, não conseguiu passar de um empate sem gols com o Paraguai, do técnico brasileiro Carpegiani. Na última partida da primeira fase, finalmente desencantou e goleou a Bulgária por 6 a 1. Mas já era tarde. Nigéria, com duas vitórias, e Paraguai, com uma vitória e dois empates, se classificaram.

Curiosidades

A derrota do Brasil por 3 a 0 para a França, na final, foi a primeira da seleção por mais de dois gols em toda a história das Copas.
O Brasil igualou o número de finais de Copa com a Alemanha. Ambos jogaram seis decisões. Os brasileiros ficam como os que mais jogaram no torneio (80 partidas, contra 78 dos alemães).
A Europa empatou em títulos com a América do Sul. São oito conquistas de cada continente. Os europeus venceram em 34, 38 e 82 (Itália), 54, 74 e 90 (Alemanha), 66 (Inglaterra) e 98 (França). Os sul-americanos ganharam em 30 e 50 (Uruguai), 58, 62, 70 e 94 (Brasil) e 78 e 86 (Argentina).
A Copa-1998 foi a última com o brasileiro João Havelange como presidente da Fifa. Em 8 junho, antes do início dos jogos, Joseph Blatter, da Suíça, foi eleito para o suceder.
A equipe francesa eliminou três técnicos brasileiros: Carlos Alberto Parreira, da Arábia Saudita (4 a 0); Paulo César Carpegiani, do Paraguai (1 a 0); e Zagallo, do Brasil (3 a 0).
Inimigos políticos históricos, EUA e Irã se enfrentaram na Copa. Antes do jogo, trocaram flores. O clima do jogo foi amistoso, e o Irã venceu por 2 a 1.
A brasileira Rosângela de Souza e o norueguês Oyvind Ekeland casaram-se em pleno gramado momentos antes da partida entre Brasil e Noruega, na primeira fase.
A Copa-1998 bateu recorde de parentes atuando juntos. Na Dinamarca havia os irmãos Michael e Brian Laudrup. Mbo e Emile M’Penza, também irmãos, jogaram pela Bélgica. Na Holanda, gêmeos: Frank e Ronald de Boer. A Noruega superou e trouxe dois irmão (Jostein e Tore Andre Flo ) e um primo (Havard Flo). Pela seleção seleção italiano, o técnico Cesare Maldini comandou o filho, Paolo.
Robert Prosinecki tornou-se o primeiro a marcar gols em Copas por dois países diferentes: a Iugoslávia, em 90, e a Croácia (ex-república iugoslava), em 98.
O alemão Lothar Matthaus, tornou-se o jogador com maior número de jogos em Copas (25) e com mais Copas disputadas (5), ao lado do goleiro mexicano Carbajal.
Três técnicos perderam o emprego durante a Copa, fato inédito. Foram eles: Carlos Alberto Parreira, da Arábia Saudita, Bum-Kum Cha, da Coréia do Sul, e Henry Kasperczak, da Tunísia, substituídos, respectivamente, por Mohamad Al-Kharashi, Kim Pyong Seok e Ali Selmi.
Três brasileiros atuaram na Copa por outras seleções: Wagner Lopes (Japão), Luís Oliveira (Bélgica) e Clayton (Tunísia).
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