Folha Online Brasil Governo Lula
Governo Lula

Prove - o gosto da inclusão social - 31.mar.97 (Inclusão Social)

Não é tão difícil quanto parece potencializar a renda do pequeno produtor brasileiro e melhorar o seu padrão de vida.

Com poucos recursos, apoio do setor público e uma boa dose de imaginação, pode-se transformar um agricultor em microempresário, com ganhos de até 400% em sua renda ’’per capita’’.

É o que faz o Programa de Verticalização da Pequena Produção Agrícola Familiar - Prove, do Distrito Federal, que ajuda a implantar pequenas agroindústrias familiares para transformar os bens perecíveis ‘in natura‘ do campo em produtos industrializados e semi-industrializados.

Em vez de vender leite, legumes e frutas, os agricultores pobres passariam a comercializá-los na forma de iogurtes, picles de legumes, doces e polpas, ampliando sua renda pela agregação de maior valor aos produtos.

A idéia serve para frear e, se possível, reverter o processo de exclusão social de pelo menos uma parcela dos 3 milhões de pequenos agricultores que labutam no campo brasileiro, sem nenhum amparo das políticas públicas do governo federal, e hoje estão à beira da miséria.

São aqueles que moram em propriedades com menos de 20 hectares, mal conseguem alcançar uma renda familiar ‘per capita‘ de R$ 50 e estão na iminência de migrar para a periferia das grandes cidades, onde serão marginalizados.

No Distrito Federal, houve dificuldades para viabilizar o financiamento, uma vez que o sistema financeiro oferece recursos a quem não precisa ou então a quem disponha de bom patrimônio ou ricos avalistas.

Enfim, conseguiu-se apoio do BRB, o banco oficial de Brasília, que flexibilizou as exigências burocráticas e liberou o crédito para a construção e o equipamento das pequenas agroindústrias familiares, com financiamento compatível com as necessidades e possibilidades de pagamento dos agricultores de renda mínima.

Para reduzir ao máximo esse investimento, criou-se uma ‘fábrica‘ de pequenas agroindústrias, que não apenas produz kits em cimento pré-moldado como também os instala em tempo recorde na propriedade rural, dentro de todas as especificações que atendem às normas legais exigidas, inclusive as referentes à qualidade do produto final.

Quanto a esse aspecto, os agricultores são treinados para tornar os produtos mais competitivos, pela garantia de um padrão homogêneo de segurança e qualidade.

Para viabilizar a aquisição de insumos a preços baixos e em quantidades compatíveis com a produção, o Prove criou o Balcão da Agroindústria. E, para assegurar a difícil inserção do produto no mercado, sobretudo na fase inicial, implantou o Quiosque do Produtor, espaço privilegiado dos agricultores familiares dentro dos supermercados SAB.

Para ampliar as facilidades de penetração no mercado, obteve-se o direito de as pequenas agroindústrias terem seus produtos identificados pelo código internacional de barras.

Hoje existem 82 agroindústrias em pleno funcionamento no DF, gerando em média seis empregos cada, a um custo aproximado, por emprego gerado, de R$ 750 para este governo. A renda ’’per capita’’ nessas agroindústrias chega a R$ 200 após dois meses de funcionamento, com o que se asseguram perspectivas de capitalização dos agricultores, inclusive nos assentamentos de reforma agrária.

Outras 40 agroindústrias estão em processo de implantação e 446 agricultores encontram-se cadastrados nesse programa, que conta com o apoio do CNPq. Certamente, o Prove tem gosto de inclusão social, uma vez que a conquista de um padrão de vida minimamente decente é o primeiro passo para a construção e o alargamento dos direitos da cidadania.

Isso demonstra que ações criativas e econômicas podem solucionar questões complexas.

COM: João Luís Homem de Carvalho, 49, é secretário de Agricultura do Distrito Federal.


Copyright Folha de S. Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).